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Dormir menos de seis horas por noite aumenta risco cardiovascular

dormir e os riscos para a saúde

Dormir faz bem à saúde. Uma afirmação que a ciência considera irrefutável, tendo em conta os muitos estudos que o confirmam. Este é mais um, que conclui que quem dorme menos de seis horas por noite pode ter risco aumentado de doença cardiovascular.

Publicado no Journal of American College of Cardiology, o trabalho revela que o sono de má qualidade aumenta o risco de aterosclerose, ou seja, a acumulação de placas nas artérias.

“A doença cardiovascular é um grande problema global e estamos a preveni-la e tratá-la através de várias abordagens, incluindo fármacos, atividade física e dieta”, explica José M. Ordovás, investigador do Centro Nacional de Investigações Cardiovasculares Carlos III, em Madrid.

“Este estudo enfatiza que temos de incluir o sono como uma das armas que usamos para combater as doenças cardiovasculares, um fator que estamos a comprometer todos os dias.”

De acordo com o especialista, “este é o primeiro estudo a mostrar que o sono, objetivamente medido, está associado à aterosclerose em todo o corpo e não apenas no coração”.

Menos de seis horas a dormir = maior risco

Vários estudos já tinham mostrado que a falta de sono aumenta o risco de doenças cardiovasculares, elevando os fatores de risco para as doenças cardíacas, como os níveis de glicose, a pressão arterial, a inflamação e a obesidade.

Neste, realizado com 3.974 funcionários bancários espanhóis, com uma média de idade de 46 anos, usaram-se técnicas de imagem para detetar a prevalência e taxa de progressão de lesões vasculares.

Nenhum dos participantes, dois terços dos quais homens, tinha doença cardíaca conhecida e todos usaram uma tecnologia que mediu de forma contínua o seu sono, ao longo de sete dias.

Divididos em quatro grupos – os que dormiam menos de seis horas, os que dormiam de seis a sete horas, os que dormiam de sete a oito horas e os que dormiam mais de oito horas -, foram submetidos a vários exames. 

E concluiu-se que, quando se consideravam os fatores de risco tradicionais para as doenças cardíacas, os participantes que dormiam menos de seis horas tinham 27% mais probabilidade de ter aterosclerose em todo o corpo do que aqueles que dormiam de sete a oito horas.

Da mesma forma, aqueles que tiveram uma má qualidade de sono apresentavam um risco 34% superior de ter aterosclerose, comparando com os que tiveram uma boa qualidade de sono. Qualidade essa que foi definida pela frequência com que uma pessoa acorda durante a noite e a frequência de movimentos durante o sono que refletem as fases do mesmo.

Consumo de álcool e café prejudica o sono

O consumo de álcool e cafeína foram maiores nos participantes com sono curto e perturbado, segundo o estudo. “Muitas pessoas acham que o álcool é um bom indutor de sono”, explica Ordovás, “mas se ingerir álcool, pode acordar após um curto período de tempo e ter dificuldade em voltar a dormir. E se voltar a dormir, muitas vezes é um sono de má qualidade”.

Embora alguns estudos revelem que beber café pode ter efeitos positivos no coração, Ordovás considera que tudo depende da rapidez com que se metaboliza o café.

“Se metabolizar o café mais rapidamente, isso não vai afetar o seu sono, mas se o metabolizar lentamente, a cafeína pode afetar o seu sono e aumentar as probabilidades de doenças cardiovasculares”.

Um estudo diferente

O novo estudo é diferente de estudos anteriores sobre o sono e a saúde do coração, garante Ordovás. E isto porque é maior do que muitos estudos anteriores e tem o enfoque numa população saudável.

Mais ainda, não teve por base, ao contrário de anteriores, questionários para determinar o sono dos participantes. Aqui, usaram-se aparelhos para conseguir obter medidas objetivas, uma vez que “o que as pessoas relatam e o que fazem costuma ser diferente”.

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