Scroll Top

Mulheres que sofrem enfarte esperam mais do que os homens para pedir ajuda

mulheres esperam mais quando têm enfarte

As mulheres esperam mais tempo do que os homens para pedir ajuda quando estão a sofrer um enfarte. Mas todos os minutos contam, revela um estudo publicado esta terça-feira no European Heart Journal: Acute Cardiovascular Care, uma publicação da European Society of Cardiology.

A cardiopatia isquémica é a principal causa de morte em mulheres e homens, mas continua a persistir a ideia de que os enfartes são um “problema dos homens”, embora sejam igualmente comuns entre as mulheres.

Há diferenças de género, uma vez que, em média, estas têm cerca de oito a 10 anos a mais do que os homens quando sofrem um enfarte e tendem a apresentar sintomas diferentes, mas os benefícios de um tratamento o mais rápido possível são iguais para eles e para elas.

Matthias Meyer, cardiologista do Hospital Triemli, em Zurique, na Suíça, considera que as mulheres esperam mais tempo antes de pedir ajuda devido ao mito de que os enfartes geralmente ocorrem em homens e porque a dor no peito e no braço esquerdo são os sintomas mais conhecidos, algo que nem sempre elas sentem.

“A intensidade da dor sentida por mulheres e homens é a mesma, mas a localização pode ser diferente”, reforça o especialista.

“As pessoas com dor no peito e no braço esquerdo são mais propensas a pensar que estão a ter um enfarte, e estes são sintomas comuns entre os homens. Mas as mulheres costumam ter dor nas costas, no ombro ou no estômago.”

Mulheres esperam mais 37 minutos do que os homens

A rapidez nos cuidados é essencial, isto porque nos enfartes causados ​​pelo bloqueio agudo de uma artéria que fornece sangue ao coração, a reabertura rápida do vaso sanguíneo significa a restauração mais rápida desse fluxo sanguíneo e traduz-se em mais músculo cardíaco recuperado e menos tecido morto, menos insuficiência cardíaca subsequente e menor risco de morte.

Nos últimos 10 a 15 anos, foram usadas várias estratégias para reduzir o tempo de atraso entre os sintomas e o tratamento e o que este estudo procurou foi verificar se estas estratégias, de facto, funcionam.

Para isso, fez-se uma avaliação retrospetiva de 4.360 doentes (967 mulheres e 3.393 homens) com enfarte agudo do miocárdio, assistidos no Triemli Hospital, na Suíça, entre 2000 e 2016.

Durante esse período, 16 anos, não foram encontradas diferenças de género em relação à prestação pontual de cuidados pelos profissionais de saúde.

No entanto, o atraso da chegada aos cuidados pelo doente diminuiu ligeiramente nos homens, mas não se alterou nas mulheres. Contas feitas, estas esperam cerca de 37 minutos a mais do que os homens antes de entrarem em contacto com os serviços médicos.

“As mulheres que têm um ataque cardíaco parecem ser menos propensas do que os homens a atribuir os seus sintomas a uma condição que requer tratamento urgente”, refere Meyer.

No entanto, “cada minuto conta quando se tem um enfarte”, refere o médico.

“Há que ficar atento ao desconforto moderado a grave, incluindo dores no peito, garganta, pescoço, costas, estômago ou ombros, que duram mais de 15 minutos, geralmente acompanhados de náusea, suores frios, fraqueza, falta de ar ou medo.”

Posts relacionados