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Cancro do pulmão em pessoas que não fumam: o que sabe a ciência

não fumadores

O cancro do pulmão é um dos tumores malignos mais comuns em todo o mundo e é a principal causa de morte relacionada com o cancro em Portugal, de acordo com os dados do Globocan. Embora o tabagismo seja o principal causador deste tipo de cancro, e parar de fumar ser capaz de prevenir um grande número de casos, ainda assim não consegue prevenir todos. Isto porque, segundo um estudo recente, realizado por investigadores do National Cancer Institute, nos EUA, cerca de 10% dos homens e 20% das mulheres que desenvolvem cancro do pulmão são não fumadores, existindo três subtipos moleculares deste cancro nas pessoas que nunca fumaram.

Os cientistas ainda estão a desvendar o mistério de como o cancro do pulmão surge em pessoas que não têm histórico de tabagismo, mas Missak Haigentz, chefe de Oncologia Médica Torácica e de Cabeça e Pescoço do Rutgers Cancer Institute de New Jersey, nos EUA, explica o que se sabe até ao momento.

Qual a diferença entre este tipo de cancro nos fumadores e não fumadores?

O cancro do pulmão nos fumadores é frequentemente causado pela exposição a agentes cancerígenos presentes no tabaco ao longo dos anos, senão décadas de fumo. Como resultado, existem várias alterações genéticas que surgem nas células que revestem os pulmões e que dão origem ao cancro. Este ocorre ainda devido a outras exposições conhecidas, por exemplo, a gás radão ou fumo passivo. O que já sabemos é que os cancros do pulmão, apesar de parecerem semelhantes ao microscópio, podem desenvolver-se de forma diferente em pessoas que nunca fumaram, e essa informação sobre as diferenças moleculares já teve um impacto tremendo na forma como tratamos a doença, com terapias direcionadas ao tumor.

O que se pensa que pode causar um cancro do pulmão nos não fumadores?

Qualquer coisa que inalamos pode expor potencialmente as nossas vias aéreas e os nossos pulmões a agentes prejudiciais que podem causar cancro – ainda não conseguimos identificar todos. Embora ainda haja informações sobre esse tópico a serem alvo de investigação, sabemos que a exposição ao gás radão é um fator de risco conhecido para o desenvolvimento de cancro do pulmão. Outras causas podem incluir a exposição ao amianto, assim como o fumo passivo pesado, que também é um risco para o desenvolvimento deste tumor.

Qual é a vantagem de identificar subtipos moleculares distintos de cancro do pulmão e porque é esse tópico importante para os investigadores?

Em primeiro lugar, apoiar a ciência e identificar subtipos moleculares dá-nos uma grande visão de como estes tumores são formados. O que realmente queremos é prevenir esse tipo de cancro antes que comece. Esta investigação também nos ajuda a entender como os fumadores e aqueles que nunca fumaram podem beneficiar de tratamentos como a terapêutica direcionada. Com base nas características moleculares dos cancros do pulmão, desenvolvemos recentemente várias opções de tratamento eficazes visando a sua biologia e, como resultado de investigações científicas em andamento, são esperados avanços no tratamento ainda mais entusiasmantes.

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