Scroll Top

Insuficiência cardíaca associada a risco aumentado de cancro

insuficiência cardíaca

De acordo com um novo estudo, realizado junto de mais de 200.000 pessoas, os doentes com insuficiência cardíaca têm uma maior probabilidade de desenvolver cancro, quando comparando com quem não sofre deste problema cardíaco.

Apresentado no Heart Failure 2021, um congresso científico online da Sociedade Europeia de Cardiologia, “as descobertas sugerem que as pessoas com insuficiência cardíaca podem beneficiar das medidas de prevenção do cancro”, refere Mark Luedde, especialista da Christian-Albrechts-University of Kiel e Cardiology Joint Practice Bremerhaven, na Alemanha, autor do estudo.

A insuficiência cardíaca afeta cerca de 65 milhões de pessoas em todo o mundo. E se já se sabia que algumas que têm diagnóstico de cancro desenvolvem este problema como consequência do tratamento, mais recentemente constatou-se que os doentes com insuficiência cardíaca podem ter uma incidência elevada de cancro durante o curso da sua doença. Mas a maioria dos estudos foi pequena.

O trabalho agora apresentado investigou a associação entre os dois num grande grupo de pessoas, através dos dados do Disease Analyzer, um banco de dados representativo da população alemã.

Ao todo, 100.124 indivíduos com insuficiência cardíaca e 100.124 sem a doença foram incluídos na análise, agrupados por sexo, idade, obesidade, diabetes e frequência de consultas. Nenhum participante tinha cancro no início do estudo e modelos estatísticos foram usados ​​para examinar a associação entre a este problema cardíaco e a incidência de cancro ao longo de 10 anos.

A idade média da população estudada foi de 72,6 anos, sendo a maioria (54%) mulheres. Durante o período de observação de 10 anos, a incidência de cancro foi significativamente maior entre as pessoas com insuficiência cardíaca (25,7%), em comparação com as que não apresentavam este problema (16,2%), sendo maior ainda entre as mulheres com insuficiência cardíaca (28,6% vs 18,8%).

O que significa que a insuficiência cardíaca foi associada à incidência de cancro, uma associação encontrada para todos os tipos de cancros avaliados. O maior aumento de risco foi observado no cancro da cavidade oral e faringe, com razão de risco de 2,10, seguido do cancro dos órgãos respiratórios, com razão de risco de 1,91.

“Os nossos resultados permitem especular que pode haver uma relação causal entre a este problema cardíaco e um aumento da taxa de cancro”, refere o especialista. “Isso é biologicamente plausível, pois há evidências experimentais de que fatores que são produzidos pela insuficiência cardíaca podem estimular o crescimento do tumor.”

“Embora este problema cardíaco e o cancro partilhem fatores de risco comuns, como obesidade e diabetes, estes foram contabilizados na análise”, acrescenta, referindo que é comum “que os pacientes com cancro que tomaram medicamentos que causam danos ao coração sejam monitorizados quanto à insuficiência cardíaca”.

Mas são cada vez maiores as evidências que indicam “que os pacientes podem beneficiar da monitorização intensiva para o desenvolvimento de cancro, por exemplo, através de exames. Considerando a elevada incidência de ambas as doenças e o seu impacto na vida das pessoas afetadas, estes doentes merecem o máximo esforço conjunto de cardiologistas e oncologistas”.

Posts relacionados