Há uma relação entre diabetes e cancro, revela um estudo que envolveu quase 20 milhões de pessoas e que mostra que a primeira aumenta o risco do segundo. Um risco maior no feminino.
“A ligação entre diabetes e cancro está agora firmemente estabelecida”, afirma Toshiaki Ohkuma, investigador do The George Institute for Global Health, da Universidade de Oxford, e autor principal do trabalho.
“Também demonstramos, pela primeira vez, que as mulheres com diabetes são mais propensas a desenvolver qualquer tipo de cancro, e têm uma probabilidade maior de sofrer de cancros renais, orais, do estômago e leucemia.”
Descobertas que foram publicadas na Diabetology, a revista da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes, que chamam a atenção para a necessidade de mais investigação sobre o papel da diabetes no desenvolvimento do cancro, demonstrando ainda a importância crescente da diferença de géneros na investigação.
Elas sofrem mais
São cada vez mais os doentes com diabetes em todo o mundo. Contas feitas, são qualquer coisa como 415 milhões de as pessoas que vivem com a doença que, por ano, é responsável por cinco milhões de mortes.
Números que tornam ainda mais importante os resultados deste estudo, que revelam que as mulheres diabéticas apresentam um risco 27% superior de cancro, quando comparando com as que não têm a doença. Para os homens, o risco é 19% superior.
As mulheres têm também um risco acrescido em relação aos homens. No geral, ele é 6% superior, de acordo com este estudo, mas aumenta para tumores específicos, como o do rim (11%), oral (13%), do estômago (14%) e leucemia (15%). No caso do cancro do fígado, é 12% mais elevado para as mulheres com diabetes, em comparação com os homens com o mesmo problema.
Homens vs mulheres: uma diferença por explorar
Sanne Peters, do The George Institute for Global Health, coautor do trabalho, refere que, “historicamente, as mulheres têm sido frequentemente maltratadas quando apresentam sintomas de diabetes, são menos propensas a receber cuidados de saúde e não estão a tomar a mesma medicação que os homens”.
Motivos que podem ajudar a perceber porque é que correm maior risco de desenvolver cancro. Mas são necessários mais estudos para o confirmar.
“As diferenças que encontramos não são insignificantes e precisam de ser abordadas. Quanto mais olhamos para a investigação específica referente ao género, mais descobrimos que as mulheres não são apenas subtratadas, mas também têm fatores de risco muito diferentes para uma série de doenças, incluindo AVC, doenças cardíacas e agora diabetes”, acrescenta o especialista.