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Doentes deprimidos têm menos probabilidades de tomar a medicação para o coração

medicação

Os doentes que se sentem deprimidos aquando da implantação de um dispositivo cardíaco têm mais probabilidades de deixar de tomar os medicamentos para o coração do que os doentes sem depressão, mostra um estudo apresentado no ACNAP 2023, um congresso científico da Sociedade Europeia de Cardiologia.

O autor do estudo, Ole Skov, psicólogo e estudante de doutoramento em psicologia cardíaca na Universidade do Sul da Dinamarca, explica que “a medicação ajuda a controlar os sintomas e a prevenir novos problemas cardíacos, pelo que a adesão é importante. Os doentes com um cardioversor desfibrilhador implantável (CDI) que se sintam deprimidos ou ansiosos devem ser encorajados a exprimir as suas preocupações, pensamentos e sentimentos e a contactar um profissional de saúde que os possa avaliar quanto à sua angústia, a fim de explorar a melhor forma de agir. Esta pode ser o encaminhamento para um psicólogo ou outras medidas”.

A implantação de um CDI é recomendada para pessoas com elevado risco de sofrer uma arritmia potencialmente fatal e para aqueles que tiveram uma paragem cardíaca súbita e estima-se que aproximadamente um em cada cinco doentes com CDI seja afetado por depressão ou ansiedade, estando estes dois problemas de saúde mental associados a um risco elevado de morte em pessoas com CDI.

A maioria das pessoas com estes dispositivos recebe medicação para controlar sua doença cardíaca e o facto de não tomarem os seus medicamentos aumenta o risco de complicações e de morte, o que torna essencial identificar os doentes com maior probabilidade de deixarem de tomar a medicação, para que possam ser iniciadas medidas de apoio.

Este estudo examinou se a ansiedade e a depressão no momento do implante do CDI estão associadas à adesão à medicação um ano após a receção do dispositivo. A avaliação, feita com 478 doentes com um CDI, 91% dos quais a tomar pelo menos um medicamento para o coração quando o dispositivo foi implantado.

“Os doentes com níveis mais elevados de sintomas depressivos na altura da implantação do CDI tinham menos probabilidades de estar a tomar a sua medicação para o coração um ano mais tarde”, afirma o especialista. “O efeito da depressão foi estatisticamente significativo, mas pequeno, o que não é surpreendente, dada a complexidade e a multiplicidade de fatores envolvidos na adesão à medicação.”

“Estes resultados realçam a importância de considerar o estado psicológico das pessoas que recebem um CDI. As pessoas com sintomas de depressão no momento da implantação podem estar em risco de interromper os seus medicamentos para o coração, mesmo que os estejam a tomar inicialmente, e podem precisar de apoio adicional.”

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