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Encontrada associação entre tuberculose e aumento do risco de cancro

tuberculose

Um estudo que será apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID 2024), que vai decorrer em Barcelona, Espanha, revela uma associação entre a tuberculose e o cancro. O trabalho descobriu que as pessoas com tuberculose ou que já tiveram a doença têm maior probabilidade de serem diagnosticadas com uma variedade de cancros, incluindo do pulmão, do sangue, ginecológico e colorretal.

Apesar de ser possível curar a tuberculose com êxito, podem ocorrer complicações em várias zonas do organismo devido a danos estruturais ou vasculares, anomalias metabólicas e resposta inflamatória do hospedeiro. Estas complicações podem incluir um aumento do risco de cancro, que pode ser influenciado por danos nos tecidos e no ADN do hospedeiro e/ou pela interrupção dos processos normais de reparação genética e dos fatores de crescimento presentes no sangue.

Neste estudo, os autores investigaram a associação entre a incidência de cancro e a tuberculose, em comparação com a população em geral, socorrendo-se de dados de saúde da Coreia do Sul, entre 2010 e 2017, que incluíram 72.542 doentes com tuberculose e 72.542 controlos correspondentes.

Em comparação com a população em geral, a incidência de cancro foi significativamente mais elevada nos doentes com tuberculose: 80% mais elevada para todos os cancros combinados; 3,6 vezes mais elevada para o cancro do pulmão, 2,4 vezes mais elevada para os cancros do sangue (hematológicos); 2,2 vezes mais elevada para o cancro ginecológico; 57% mais elevada para o cancro colorretal; 56% mais elevada para o cancro da tiroide e 55% mais elevada para o cancro do esófago e do estômago.

Após ajustes, o tabagismo atual (40% de risco acrescido em relação aos não fumadores), o consumo excessivo de álcool (15% de risco acrescido em relação ao consumo regular de álcool), a doença hepática crónica (42% de risco acrescido em relação à ausência de doença hepática) e a doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) (8% de risco acrescido) foram também identificados como fatores de risco independentes para o cancro em pessoas com tuberculose.

“A tuberculose é um fator de risco independente para o cancro, não só para o cancro do pulmão, mas também para vários tipos de cancro específicos, depois de ajustados os fatores de confusão”, referem os investigadores, que confirmam que “o rastreio e o tratamento do cancro devem ser garantidos nos doentes com tuberculose”.

 

Crédito imagem: Anna Shvets (Pexels)

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