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Ensaios clínicos continuam a gerar dúvidas aos doentes

ensaios clínicos

Apesar do aumento de casos de doenças associadas ao envelhecimento e da crescente necessidade de novos e inovadores tratamentos, que sejam eficazes e seguros, em Portugal, a participação em ensaios clínicos ainda levanta muitas dúvidas por parte dos doentes.

O tema vai estar em destaque no âmbito do Dia do Ensaio Clínico, na conferência “Ensaios clínicos: Por uma melhor participação do cidadão”, que se realiza a 24 de maio, pelas 09h30, em Lisboa, uma iniciativa da associação Alzheimer Portugal.

Doença de Alzheimer, doença de Parkinson e Esclerose Múltipla são algumas das mais conhecidas doenças neurológicas, que têm em comum a deterioração progressiva e morte de neurónios. Em Portugal, e falando apenas em demência, existem cerca 182.526 casos, estimando-se que este valor possa duplicar a cada 20 anos.

“Torna-se fundamental explicar o que são os ensaios clínicos e quais os seus benefícios para o participante, principalmente no caso das doenças neurodegenerativas, em que a capacidade para prestar consentimento informado pode ficar comprometida”, explica Maria do Rosário Zincke dos Reis, membro da direção da Alzheimer Portuga.

“Acreditamos que, através da participação em ensaios clínicos, poderemos melhorar a qualidade de vida do participante e a de futuros doentes. A participação num ensaio clínico é uma forma de desempenharmos um papel ativo na sociedade e de contribuir para o avanço da Ciência”, acrescenta.

Vantagens e benefícios para além do doente

Segundo um estudo divulgado pela APIFARMA em fevereiro deste ano, os ensaios clínicos mostraram ter vantagens para os doentes, comunidade científica e economia.

Para os doentes, porque permitem o acesso precoce e gratuito a novos medicamentos, insights valiosos para a investigação e progressão médica, melhoria dos diversos serviços prestados nas unidades de saúde e aumento da qualidade e tempo de vida.

Por sua vez, para a comunidade científica, os ensaios clínicos contribuem fortemente para a criação e inovação do conhecimento científico, permitem estabelecimento de redes de investigação (nacionais e internacionais) e desenvolvem novas equipas de investimento.

Por último, para a economia, permitem a redução da despesa pública, uma vez que o tratamento dos doentes não é financiado pelo Serviço Nacional de Saúde, criam valor para várias indústrias, através da aquisição de bens e serviços, criam emprego e atração de investimento.

Ainda de acordo com o mesmo estudo, em Portugal, apesar do número de ensaios clínicos ter tido uma evolução positiva, com o registo de, em 2017, 13.3 ensaios clínicos por cada milhão de habitantes, a comparação com outros países confirma que este número poderá ser aumentado 3,7 vezes mais.

Uma evolução que iria permitir um impacto muito positivo para o País, pois cada euro investido na atividade de ensaios clínicos gera um retorno de 1,99 euros na economia portuguesa e é uma oportunidade para aqueles doentes que não têm alternativa terapêutica disponível, trazendo ainda benefícios para futuros doentes. Em 2017, o impacto económico dos ensaios clínicos foi cerca de 87,3 milhões de euros.

“Estes dados confirmam que ainda há muito trabalho a desenvolver no que diz respeito à literacia da sociedade sobre os benefícios da participação em ensaios clínicos”, reforça Rosário Zincke.

“Muitas pessoas não participam por falta de informação e conhecimento das vantagens associadas e do consentimento informado. Importa informar o cidadão sobre este tema tão importante e que levanta tantas questões éticas e jurídicas que urge debater”

“É neste sentido, para aumentar o conhecimento da população sobre o tema, que convidamos toda a sociedade a participar nesta conferência, que junta médicos, doentes, indústria e associações para uma melhor literacia em saúde sobre os ensaios clínicos”, conclui.

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