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Mesmo depois de um AVC, doentes não mudam estilos de vida

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Depois de sofrerem um enfarte ou um AVC, são muitos os portugueses que estão a falhar nas alterações nos estilos de vida e no controlo dos fatores de risco principais, revela um estudo nacional.

Realizado pelo EUROPREV, rede europeia para a prevenção e promoção da saúde, com especialistas da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) e do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde – CINTESIS, o trabalho envolveu a participação de mil doentes de seis países (Portugal, Croácia, França, Eslovénia, Espanha e Turquia), confirmando que há uma percentagem significativa que ainda assim não muda os comportamentos.

Ao todo, metade dos doentes não aumenta a sua atividade física depois de ter um evento cardiovascular e metade das mulheres e um terço dos homens continuam a fumar. Mulheres que segundo apuraram os investigadores, estão menos medicadas do que os homens com fármacos protetores do coração, embora não sejam conhecidas as razões desta discrepância.

Publicado na revista BMC Family Practice, o estudo revela ainda que uma proporção considerável dos doentes não consegue alcançar os valores alvo de colesterol e de tensão arterial aconselhados pelas guidelines europeias.

Contas feitas, apenas 23% dos doentes (um quarto dos homens e menos de um quinto das mulheres) conseguem atingir o valor alvo de mau colesterol (LDL), ou seja, menos de 70 mg/dL e, quando se trata da tensão arterial, um quarto dos doentes não consegue atingir valores abaixo dos 140/90 mmHg.

A importância da mudança dos estilos de vida

Números que, segundo os autores do estudo, “são relevantes para os médicos de família porque estes doentes têm um risco elevado de novos eventos cardiovasculares, nomeadamente de enfarte, AVC e mesmo morte”.

O estudo incluiu apenas os doentes que tinham visitado o seu médico de família no ano anterior, o que significa que os resultados podem ser ainda piores se tivessem sido incluídos os doentes que não vão às consultas e que podem estar ainda menos motivados para modificar os seus hábitos de vida, nomeadamente a alimentação pouco saudável e o tabagismo, e menos propensos a seguirem o tratamento.

Dados de uma série de estudos mostram que cerca de 9% dos eventos cardiovasculares podem ser atribuídos à baixa adesão dos doentes ao tratamento e que os doentes que mais aderem são efetivamente os que têm melhor prognóstico.

Sabe-se, por outro lado, que os estilos de vida pouco saudáveis, como a falta de atividade física e o tabagismo, são os fatores de risco modificáveis mais importantes, representando mais de 70% do peso global das doenças crónicas, percentagem que deverá aumentar para os 80% em 2020.

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