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Obesidade responsável pelo aumento deste problema neurológico

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O número de pessoas que sofrem de hipertensão intracraniana idiopática, um problema neurológico se caracteriza por um aumento da pressão cerebral, está a aumentar, revela um novo estudo publicado na revista Neurology. Esta descoberta está associada ao aumento das taxas de obesidade, sendo que, para as mulheres, os fatores socioeconómicos, como os rendimentos e a educação, podem desempenhar um papel de risco.

A hipertensão intracraniana idiopática ocorre quando a pressão dentro do crânio aumenta e ultrapassa 15 mmHg. E, sendo frequentemente diagnosticada em mulheres em idade fértil, apresenta sintomas semelhantes aos de um tumor cerebral, como dores de cabeça crónicas, problemas de visão e, em casos mais raros, perda de visão. 

“O aumento considerável do número de pessoas com hipertensão intracraniana idiopática pode ter muitas explicações, mas acreditamos que se deve principalmente ao aumento das taxas de obesidade”, explica William Owen Pickrell, professor associado da Universidade de Swansea, no Reino Unido e autor do estudo.

Mas os resultados desta investigação evidenciam uma descoberta surpreendente, visto que “as mulheres que vivem na pobreza ou com outras desvantagens socioeconómicas podem também ter um risco aumentado, independente da obesidade”, sublinha.

Número de casos aumentou seis vezes

Para avaliar se este transtorno neurológico estava associado à obesidade e a fatores socioeconómicos, foram avaliadas, entre 2003 e 2017, cerca de 35 milhões de pessoas no País de Gales, Reino Unido, tendo sido identificadas 1.765 com hipertensão intracraniana idiopática. Destas, 85% eram mulheres. 

Além de registarem as medições do Índice de Massa Corporal (IMC) dos participantes, os investigadores tiveram também em consideração as suas condições socioeconómicas, sendo estas determinadas pelo local de residência, através de um sistema de pontos que engloba fatores como o rendimento, emprego, saúde, educação e acesso a serviços. 

Os resultados? Em apenas 15 anos, o número de casos diagnosticados aumentou seis vezes. Assim, em 2003, por cada 100.000 pessoas, 12 sofriam deste transtorno neurológico; em 2017 o valor chega a 76. Além disso, também em cada 100.000 indivíduos, apenas dois foram diagnosticados com a doença em 2003, face a oito em 2017.

A prevalência da obesidade, a nível mundial, quase que triplicou entre 1975 e 2016. Não é, por isso, surpresa que se tenham verificado fortes ligações, tanto para homens como mulheres, entre o IMC e o risco deste problema neurológico.

Assim sendo, de acordo com os dados deste estudo, por cada 100.000 pessoas, registaram-se 180 casos nas mulheres com um elevado IMC, comparativamente a 13 mulheres com um IMC considerado ideal. No caso dos homens registaram-se 21 casos quando verificado um IMC elevado, em comparação a oito quando o IMC apresentava valores saudáveis.

“As mulheres que se encontram nos grupos socioeconómicos mais baixos representam mais de metade das participantes do estudo”, refere Pickrell. Desta forma, os investigadores acreditam que os fatores socioeconómicos são um fator de risco para elas. 

Apesar dos resultados, o autor do estudo alerta que “são necessárias mais pesquisas para determinar que fatores socioeconómicos, como a dieta, poluição, tabagismo ou stress, podem desempenhar um papel no aumento do risco de uma mulher vir a desenvolver este distúrbio”.

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