Foi a primeira vez em Portugal, mas a técnica inovadora que permite fazer o diagnóstico de lesões malignas muito pequenas, em zonas do pulmão até agora inacessíveis pelos métodos convencionais, promete ser repetida e usada também no tratamento do cancro do pulmão.
A inovação, a que se dá o nome de navegação eletromagnética broncoscópica, encontra-se no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil (IPO Lisboa) e a sua estreia aconteceu, no dia 4 de maio passado.
“A navegação broncoscópica eletromagnética combina a informação obtida durante a broncoscopia com a informação das imagens de tomografia axial computorizada (TAC) 3D, o que permite visualizar a árvore brônquica com precisão e aceder, com sondas próprias, a zonas mais profundas do pulmão, que eram muito difíceis ou impossíveis de atingir através da broncoscopia convencional”, explica em comunicado Duro da Costa, diretor do Serviço de Pneumologia do IPO Lisboa.
De acordo com o médico pneumologista, “com esta técnica conseguimos chegar a lesões tumorais localizadas na periferia dos pulmões, em locais onde até agora só era possível chegar por via radiológica ou cirúrgica”.
“Para além disso, dentro de pouco tempo, pretende-se que o equipamento possa vir a ser utilizado em tratamentos, nomeadamente com a aplicação de radiofrequência e braquiterapia em lesões pulmonares únicas e de pequena dimensão, reduzindo a exposição dos tecidos saudáveis envolventes.”
Como este equipamento de navegação broncoscópica eletromagnética, “o IPO Lisboa vai conseguir realizar broncoscopias de diagnóstico em lesões periféricas do pulmão, em casos de abordagem mais difícil e em pessoas com doença complexa, em que o uso de outras técnicas comporta maiores complicações”.
O médico fala ainda em vantagens acrescidas para os doentes, como a maior precisão do diagnóstico e tempos de resposta mais curtos, pois o material do tumor é analisado imediatamente, na sala, pela Anatomia Patológica.
Cancro do pulmão, um grande flagelo
Apesar dos importantes avanços no tratamento, o cancro do pulmão mantém-se como um grande flagelo no país, com cerca de quatro mil novos casos diagnosticados por ano. O Serviço de Pneumologia do IPO recebe anualmente cerca de 300 novos doentes com cancro do pulmão.
O equipamento de navegação broncoscópica eletromagnética custou 150 mil euros e foi cofinanciado pelo Programa Operacional Regional de Lisboa 2020, no âmbito de um investimento de nove milhões de euros que o IPO tem em curso com vista à modernização tecnológica de vários serviços clínicos e laboratoriais.