Durante a pandemia e o confinamento, foram muitas as mulheres confrontadas com uma panóplia de papéis a desempenhar em simultâneo, o que, regra geral, contribuiu para o aumento dos seus níveis de stress. E, agora, um novo estudo revelou que o modo como as mulheres se sentem face às suas responsabilidades pode influenciar a sua saúde cardiovascular.
Esta descoberta, publicada no Journal of the American Heart Association, indica que as mulheres que se sentem mais stressadas com os seus empregos ou com as suas funções em casa, enquanto cuidadoras, mães ou esposas, têm uma maior probabilidade de registar uma elevada pressão arterial, ter excesso de peso e não adotar uma alimentação saudável.
Por outro lado, aquelas que consideram os seus papéis gratificantes são mais propensas a serem fisicamente ativas e a não fumar, o que é benéfico para a saúde do coração.
“Além das mudanças físicas e mentais, as mulheres na meia-idade podem cuidar tanto dos filhos como dos pais idosos, sem esquecer os relacionamentos com os seus cônjuges e o emprego”, explica Andrea Leigh Stewart, autora da investigação.
Assim, este é um período bastante crítico, uma vez que “aquilo que acontece durante estes anos tem consequências diretas para a saúde e o bem-estar na velhice”.
O impacto na saúde cardiovascular
O estudo, conduzido por Stewart, analisou se a relação entre o stress e a gratificação dos papéis sociais das mulheres, com idades entre os 42 e os 61 anos, teria impacto na sua saúde cardiovascular.
Para tal, foram analisados sete fatores de risco, também conhecidos como os “Life’s Simple 7”: o índice de massa corporal (IMC), a pressão arterial, o nível de açúcar no sangue, os níveis de colesterol, a atividade física, a dieta e o tabagismo.
Os resultados? As mulheres que consideravam os seus papéis recompensadores tinham uma probabilidade 58% superior de praticarem, pelo menos, duas horas de exercício físico por semana e mais 30% de probabilidades de não fumarem.
Além disso, também se descobriu que por cada ponto de stress mais elevado, as mulheres tinham menos 13% de probabilidades de manter uma pressão arterial ideal, menos 10% de manter um IMC saudável e menos 18% de seguir uma alimentação equilibrada.
Apesar de ser um estudo observacional, este torna possível concluir que os papéis mais gratificantes podem “amortecer” certos efeitos negativos do stress na saúde. Porém, Steward alerta que “muitas mulheres iriam beneficiar se existisse um maior apoio social e mais ferramentas para lidar com o stress“.
Além de ajudar a manter uma boa saúde cardíaca, monitorizar regularmente os “Life’s Simple 7” pode ainda melhorar a saúde do cérebro e, potencialmente, prevenir ou atrasar o início da demência ou outros problemas cognitivos.