À medida que se generaliza o uso dos cigarros eletrónicos entre os jovens, aumenta também a investigação sobre o tema, que tem confirmado as consequências para a saúde deste hábito. A contribuir para esta informação está um novo estudo, que confirma que o uso de sabores faz faz diminuir a perceção de perigo associada a esta forma de fumar.
Uma equipa de investigadores da Universidade da Carolina do Norte-Chapel Hill, nos EUA, fez uma revisão sistemática de toda a literatura científica publicada sobre comportamentos e perceções do uso de cigarros eletrónicos até março de 2018, o que inclui 51 artigos.
E descobririam que são cinco os estudos que indicam que os sabores não mentolados dos cigarros eletrónicos diminuem a perceção de que estes são prejudiciais, o que acontece sobretudo no caso dos sabores de fruta e doces.
A estes juntam-se seis estudos, que indicam que os sabores aumentam a disposição dos jovens e adultos jovens para experimentarem ou iniciarem o uso de cigarros eletrónicos e outros sete que revelam que os sabores aumentam o apelo ao consumo do produto entre os adultos.
Há ainda cinco estudos que revelam que os sabores são a principal razão pela qual os adultos usam cigarros eletrónicos, seis que mostraram que o papel destes cigarros com sabor na cessação do tabagismo em adultos não é claro, embora um estudo entre jovens tenha mostrado que os que usam estes cigarros com sabor têm menor probabilidade de parar de fumar.
“As evidências são consistentes ao mostrar que os sabores atraem jovens para o uso dos cigarros eletrónicos”, refere Adam Goldstein, professor de medicina familiar e membro do UNC Lineberger Comprehensive Cancer Center.
Especialistas reforçam alerta para cigarros eletrónicos
A maioria dos cigarros eletrónicos contém nicotina e a maioria inclui pelo menos um dos 7.000 sabores disponíveis para compra, como cheesecake de mirtilo, manga, canela, doce de leite e bolo de limão.
Muitos sabores têm nomes de doces ou guloseimas, como ursinho de goma, biscoitos com creme e algodão doce, que atraem os utilizadores mais jovens.
Hannah Baker, principal autora do estudo e investigadora associada do Departamento de Medicina Familiar da UNC e da UNC Lineberger, considera que são já muitos os estudos que “mostram que os sabores atraem particularmente os jovens e são citados como o principal motivo de uso dos cigarros eletrónicos nesta faixa etária”.
Para a especialista, o uso destes cigarros entre os jovens “pode ser uma porta de entrada para o futuro uso de tabaco clássico”, com a agravante de a nicotina ser especialmente prejudicial ao desenvolvimento de cérebros adolescentes.
“Estes factos, juntamente com a investigação biomédica que vincula o vaping a vários efeitos adversos para a saúde, tornam alarmante o recente aumento vertiginoso do uso de cigarros eletrónicos entre os jovens.”
“Entre os jovens, os sabores aumentam não apenas as preferências por cigarros eletrónicos, mas também aumentam o apelo dos produtos deste tipo, a vontade de os usar, a suscetibilidade ao uso e a iniciação, bem como diminuem as perceções de danos associados”, refere Goldstein.