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Os sintomas mais comuns de 6 doenças cardiovasculares

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Um trabalho realizado pela Associação Americana de Cardiologia revela quais os sintomas mais comuns de várias doenças cardiovasculares, observando que homens e mulheres costumam ter sintomas diferentes. E reforça que estes sintomas, que se tendem a prolongar por meses ou até anos, variam ainda ao longo do tempo.

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em Portugal e em todo o mundo, incluindo doenças como ataque cardíaco, insuficiência cardíaca, doença valvular, acidente vascular cerebral, distúrbios do ritmo cardíaco e doença arterial e venosa periférica.

“Os sintomas destas doenças cardiovasculares podem afetar profundamente a qualidade de vida, e uma compreensão clara deles é fundamental para um diagnóstico eficaz e decisões de tratamento”, refere Corrine Y. Jurgens , especialista da Escola de Enfermagem Connell do Boston College, nos EUA.

“Este artigo é um compêndio do ‘estado da ciência’, que detalha os sintomas associados às doenças cardiovasculares, semelhanças ou diferenças nos seus sintomas e diferenças entre sexos na apresentação e relato dos mesmos.”

Sobre os sintomas: o que importa saber

Devido à sua subjetividade, não é fácil identificar os sintomas, que podem não ser reconhecidos ou relatados se as pessoas não os acharem importantes ou associados a um problema de saúde. Além disso, podem ocorrer sem alterações na progressão da doença, assim como o estado da doença pode também progredir sem sintomas.

“Algumas pessoas podem não considerar fadiga, distúrbios do sono, ganho de peso e depressão como importantes ou associados a doenças cardiovasculares”, afirma Jurgens. “No entanto, vários estudos indicam que sintomas subtis como esses podem prever eventos agudos e a necessidade de hospitalização.”

Alguns sintomas são comuns e bem reconhecidos para muitos tipos de doenças cardiovasculares, enquanto outros são menos comuns. Por exemplo, a dor no peito é o sintoma mais comum e reconhecível de um ataque cardíaco, mas sintomas menos familiares podem incluir a falta de ar, fadiga, sudorese, náuseas e tonturas.

“Estabelecer um perfil de sintomas de base para um indivíduo e rastrear os sintomas ao longo do tempo pode ser útil para detetar alterações e qualquer progressão dos mesmos.”

1. Ataque cardíaco

O ataque cardíaco é um dos vários problemas que se enquadram na ampla categoria de síndrome coronário agudo, um termo que se refere a qualquer condição cardíaca causada por perda súbita de fluxo sanguíneo para o coração.

O sintoma mais frequentemente relatado é a dor no peito, muitas vezes descrita como pressão ou desconforto, e pode irradiar para a mandíbula, ombro, braço ou parte superior das costas.

Os sintomas coexistentes mais comuns são falta de ar, sudorese ou suor frio, fadiga incomum, náuseas e tonturas, sintomas que costumam ser chamados de “atípicos”. No entanto, um comunicado recente da Associação Americana de Cardiologia explica que esse rótulo pode ter surgido devido à falta de mulheres incluídas nos ensaios clínicos a partir dos quais as listas de sintomas foram derivadas. As mulheres são mais propensas do que os homens a relatarem mais sintomas além da dor no peito.

2. Insuficiência cardíaca

A falta de ar é um sintoma clássico de insuficiência cardíaca, doença que se destaca no conjunto dos problemas cardiovasculares, e um motivo comum para que adultos com este problema procurem assistência médica. No entanto, sintomas precoces e mais subtis devem ser reconhecidos e levar à consulta de um profissional de saúde, e incluem problemas gastrointestinais, como dor de estômago, náuseas, vómitos e perda de apetite; fadiga; intolerância ao exercício (associada à fadiga e falta de ar); insónias; dor (no peito e outras); distúrbios do humor (sobretudo depressão e ansiedade) e disfunção cognitiva (névoa cerebral, problemas de memória).

Mulheres com insuficiência cardíaca relatam uma maior variedade de sintomas, são mais propensas a ter depressão e ansiedade e relatam uma qualidade de vida inferior em comparação com os homens com igual problema.

Assim como no ataque cardíaco, as mulheres têm mais probabilidade do que os homens de relatarem sintomas diferentes, como náuseas, palpitações e alterações digestivas, além de níveis mais intensos de dor (em outras áreas do corpo, não apenas no peito), inchaço e sudorese.

“Monitorizar os sintomas num espetro, versus presentes ou não presentes, com medidas confiáveis ​​e válidas pode melhorar o atendimento clínico, identificando mais rapidamente aqueles que podem estar em risco de piores resultados, como menor qualidade de vida, hospitalização ou morte”, explica Jurgens.

3. Doença valvular do coração

A doença valvular do coração é uma causa comum de insuficiência cardíaca e partilha com esta o sintoma de falta de ar. Problemas com as válvulas cardíacas – as estruturas semelhantes a folhetos que controlam o fluxo sanguíneo entre as câmaras do coração – incluem válvulas estreitas ou endurecidas (estenose), válvulas que fecham incorretamente (prolapso), permitindo que o sangue flua para trás (regurgitação) ou válvulas formadas incorretamente (atresia).

Nos casos ligeiros de doença valvular, as pessoas podem não apresentar sintomas durante anos e, em seguida, desenvolver progressivamente mais sintomas semelhantes aos associados à insuficiência cardíaca. Pode também causar pressão alta nos pulmões ou hipertensão pulmonar, sendo uma das suas formas mais graves e comuns a estenose aórtica, que ocorre quando a válvula aórtica se estreita e restringe o fluxo sanguíneo do coração.

As mulheres com estenose aórtica relatam mais frequentemente falta de ar, intolerância ao exercício e fragilidade física do que os homens, que têm maior probabilidade de relatar dor torácica do que mulheres com doença valvular.

4. AVC

Um AVC, um dos problemas cardiovasculares que mais mata, ocorre quando um vaso sanguíneo para o cérebro é bloqueado ou rebenta e normalmente causa sintomas reconhecíveis que obrigam a cuidados urgentes.

Para reconhecer os sintomas do AVC que requerem atenção médica imediata, há que ter em mente os 3 ‘F’: alterações na fala, desvio da face e perda de força nos membros. Outros sintomas incluem confusão, tonturas, perda de coordenação ou equilíbrio e alterações visuais.

Reconhecer os sintomas do AVC é fundamental, pois o tratamento imediato pode ajudar a prevenir ou reduzir o risco de incapacidade ou morte a longo prazo.

As mulheres que sofrem um AVC são mais propensas do que os homens a ter outros sintomas menos familiares, além dos comuns, que incluem dor de cabeça, estado mental alterado.

5. Distúrbios do ritmo cardíaco

Os distúrbios do ritmo cardíaco, chamados de arritmias, são frequentemente descritos como a sensação de batimentos cardíacos anormais ou palpitações que podem ser irregulares, rápidas, agitadas ou interrompidas.

Outros sintomas incluem fadiga, falta de ar e tonturas, todos partilhados com outras doenças cardiovasculares. Menos comuns são a dor no peito, tonturas, desmaios ou quase desmaios e ansiedade, que podem ocorrer em algumas pessoas com distúrbios do ritmo cardíaco.

Mulheres e adultos mais jovens costumam sentir palpitações, enquanto os homens são mais propensos a não apresentar sintomas.

6. Doença das veias e artérias

A doença arterial periférica afeta as artérias nas extremidades inferiores, levando à redução do fornecimento de sangue para as pernas.

Pessoas com este tipo de doenças cardiovasculares podem não apresentar sintomas ou podem desenvolver o sintoma clássico de claudicação, que é a dor num ou ambos os músculos da barriga da perna, que ocorre durante a caminhada e desaparece com o repouso. No entanto, a dor noutras partes das pernas e nos pés e dedos dos pés são os sintomas mais comuns da doença arterial periférica, que está associada a um risco aumentado de ataque cardíaco e acidente vascular cerebral, com os homens em maior risco do que as mulheres.

“Medir os sintomas vasculares inclui avaliar a qualidade de vida e as limitações de atividade, bem como o impacto psicológico da doença”, diz Jurgens. “No entanto, as medidas existentes são frequentemente baseadas na avaliação do médico, e não nos sintomas auto-relatados pelo indivíduo e na sua gravidade.”

A depressão ocorre com frequência entre pessoas com doença arterial periférica, sobretudo mulheres e idosos ou pertencentes a grupos raciais e étnicos.

As diferenças entre sexos na doença venosa e arterial são observados sobretudo entre aqueles com doença arterial periférica, sendo a sua identificação dificultada pela crença errada é mais comum entre os homens ou de que os sintomas são confundidos com os de outras doenças, como a osteoartrite.

“O alívio dos sintomas é uma parte importante da gestão das doenças cardiovasculares”, afirma Jurgens. “É importante reconhecer que muitos sintomas variam em ocorrência ou gravidade ao longo do tempo, que mulheres e homens costumam apresentar sintomas diferentes, e que fatores como depressão e função cognitiva podem afetar a deteção e o relato dos sintomas.”

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