Um estudo realizado pela medicina ocupacional e ambiental do Hospital Bispebjerge Frederiksberg em Copenhaga, Dinamarca, encontrou evidências de que os turnos noturnos podem aumentar o risco de aborto em 32%.
De acordo com Luise Molenberg Begtrup, uma das responsáveis por esta investigação, “as mulheres, ao fazerem turnos noturnos, ficam expostas à luz durante o período noturno, o que causa alguns problemas no ritmo circadiano, afetando a produção de melanina”, uma hormona importante para a preservação da função da placenta.
Para a realização deste estudo foram analisadas os dados referentes a 22,744 mil mulheres trabalhadoras, a maioria das quais trabalhava num hospital dinamarquês. Das 10,047 que trabalharam por turnos entre a 8ª e a 22ª semana de gestação, foram registados 740 abortos. Já das 12,697 mulheres que não efetuaram qualquer turno em período
noturno foram registados 1149 abortos.
No entanto, após remover outros fatores de risco como a idade da mãe, índice de massa corporal, tabagismo, número de partos anteriores e números de abortos anteriores, a equipa de investigadores concluiu que todas as mulheres que tinham realizado pelo menos dois turnos noturnos entre a 8ª e a 22ª semana de gestação, o risco de aborto na
semana seguinte aumentava em 32%.
Zev Williams, diretor do serviço de endocrinologia reprodutiva e infertilidade do hospital Presbiteriano e da Universidade de Columbia, alertou ainda para o facto de poderem existir outras variáveis comuns, não contempladas neste estudo, capazes de pôr em causa estes resultados.
Mesmo que fosse provado que os turnos noturnos podem provocar um maior risco de aborto, “esse risco é tão pequeno que deixar de fazer turnos noturnos não teria grande efeito”, disse ainda o especialista ao canal de televisão norte-americano NBC.