Paulo Costa, enfermeiro português, conquistou uma das duas bolsas de investigação atribuídas em 2022 pela Sigma Europa (sociedade honorífica de Enfermagem), com um projeto que visa facilitar o processo da cateterização venosa periférica em adultos, tornando-o menos penoso para os doentes e com menores custos para os sistemas de saúde.
A bolsa, no valor de três mil euros, servirá para apoiar o desenvolvimento de um referencial que vai ajudar à tomada de decisão dos enfermeiros durante aquele procedimento clínico invasivo, em função da avaliação do risco de dificuldade associado à punção do vaso sanguíneo, seja para administração de terapêutica endovenosa, para colheita, administração de meios de contraste, componentes sanguíneos ou alimentação parentérica (por via não oral).
Paulo Costa, a trabalhar na Unidade de Investigação em Ciências da Saúde: Enfermagem, da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), explica que “até um terço dos utentes adultos” poderá “experienciar dificuldades na obtenção de um acesso venoso periférico” e que, “quanto maior for o grau de dificuldade, menor é a probabilidade de sucesso à primeira tentativa de punção”.
De acordo com o investigador e assistente convidado na ESEnfC, “as tentativas múltiplas de punção esgotam a rede venosa periférica da pessoa, o que poderá resultar na necessidade de se optar por um acesso venoso central (de maior risco para o utente e com mais custos associados)”.
Além de que, prossegue Paulo Costa, “prejudicam a experiência de cuidados da pessoa», caraterizada por “dor, ansiedade e desmérito relativo ao profissional de saúde que a acompanha”.
Com este trabalho, pretende-se “expandir o potencial” de uma escala classificativa – Modified A-DIVA (Adult Difficult Intra Venous Access) Scale –, já adaptada à população portuguesa (no âmbito do projeto doutoral de Paulo Costa), enquanto “ferramenta que informe os profissionais de saúde sobre cuidados a ter durante a inserção e manutenção” dos dispositivos de acesso endovenoso periférico, potenciando “a qualidade e segurança dos cuidados prestados, assim como a experiência dos utentes”, afirma o investigador.
Uniformizar a colocação de cateter
A escala em apreço permite classificar o risco de dificuldade – baixo (nível 0 e 1), médio (2 e 3) e alto (4 e 5) – dos acessos periféricos, de uma forma padronizada entre os profissionais, uniformizando a nomenclatura utilizada e promovendo a continuidade dos cuidados.
Paulo Costa afirma que, “em Portugal, ao contrário de outras técnicas e procedimentos clínicos, não existe uma norma ou padrão de qualidade para a cateterização venosa periférica”, uma “lacuna [que] poderá, em parte, explicar as abordagens distintas” a este procedimento clínico invasivo, “identificadas em vários estudos realizados” no País (continente e ilhas) “nas últimas duas décadas”.
“Associadas as estas práticas, identificam-se também taxas elevadas de complicações associadas e necessidade de novas cateterizações durante o período de internamento”, conclui o assistente convidado da ESEnfC.
Paulo Costa receberá a bolsa de investigação em Dublin, durante a 6ª Conferência Bienal Europeia da Sigma, a realizar, de 22 a 25 de junho, na capital da Irlanda.
A Sigma (Sigma Theta Tau International – Honor Society of Nursing) é uma sociedade honorífica de Enfermagem, fundada em 1922, nos Estados Unidos da América, que promove atividades com vista à melhoria da saúde das populações, através do desenvolvimento científico da prática de Enfermagem e que só na Europa conta com onze capítulos.