As pessoas diagnosticadas com doenças mentais têm uma expectativa de vida que pode ser até dez anos mais curta que a da população em geral, descobriram investigadores australianos.
Um trabalho liderado por John McGrath, do Queensland Brain Institute, da Universidade de Queensland, na Austrália, que contou com a colaboração de investigadores da Universidade Aarhus, na Dinamarca, verificou que, em média, as doenças mentais diminuem a expectativa de vida em 10 anos para os homens e sete para as mulheres.
Descobertas que, refere John McGrath, dão novas pistas sobre a forma como depressão, ansiedade ou o abuso de substâncias afetam a saúde geral de uma pessoa.
“É a primeira vez que medimos a expectativa de vida para tipos distintos de doenças mentais de uma forma específica para sexo e idade”, afirma o especialista. E apesar de ser “bem sabido que as pessoas com doenças mentais morrem mais cedo que a população em geral, usamos agora abordagens mais precisas do que aquelas usadas no passado”.
“Todos os tipos de doenças mentais apresentaram taxas de mortalidade mais altas. Algumas são atribuíveis ao suicídio mas, surpreendentemente, a maioria ocorreu devido a condições médicas gerais, como doenças cardíacas, infeções e cancro.”
Melhorar a saúde de quem tem doenças mentais
As descobertas, publicadas no The Lancet, foram determinadas usando dados anónimos de de 7,4 milhões de pessoas que viviam na Dinamarca entre 1995 e 2015.
Usando uma medida de “anos de vida perdidos”, os investigadores foram capazes de levar em consideração a idade de início dos distúrbios e fazer estimativas de expectativa de vida para cada grupo separado de transtornos mentais, da depressão e ansiedade, até à esquizofrenia.
Plana-Ripoll, do Centro Nacional de Investigação Baseada em Registos, refere que os resultados são preocupantes.
“Além de analisar a mortalidade prematura, fomos capazes de explorar causas específicas de morte”, reforça.
“O risco de morte precoce é maior para as pessoas com doenças mentais em todas as idades. Além de um risco aumentado de morte devido ao suicídio, confirmamos um risco aumentado de morte devido a condições como cancro, doenças respiratórias e diabetes.”
A investigação mostrou também que, embora os homens com transtorno mental percam relativamente poucos anos de vida devido a mortes relacionadas com cancro em comparação com a população em geral, são muito mais propensos a morrer de doenças cardiovasculares e pulmonares numa idade mais jovem.
“O nosso estudo enfatiza a necessidade urgente de melhorar a saúde geral das pessoas com doenças mentais”, afirma McGrath.
“Isso é particularmente crítico quando as estimativas indicam que um em cada três indivíduos experimenta um transtorno mental durante a vida.”