Quase 30% das pessoas com doença arterial coronária têm diabetes, revela um grande estudo publicado no European Journal of Preventive Cardiology, um jornal da Sociedade Europeia de Cardiologia. Na população em geral, a prevalência da diabetes não vai além dos 9%.
“A obesidade e a falta de exercício são fatores de risco comuns para a diabetes e as doenças cardíacas e os nossos resultados destacam a necessidade urgente de melhorar a nutrição e aumentar os níveis de atividade globalmente”, refere a autora do estudo, Emmanuelle Vidal-Petiot, especialista do Hospital Bichat-Claude Bernard, em Paris, França.
“Os países mais afetados pela diabetes estão também no epicentro da epidemia de obesidade, que pode ser em parte atribuída à urbanização e às mudanças associadas à atividade física e à ingestão de alimentos.”
A análise agora feita inclui dados de 32.694 pessoas com síndromes coronárias crónicas de 45 países da Europa, Ásia, América, Oriente Médio, Austrália e África, acompanhadas anualmente ao longo de cinco anos.
Todos os resultados clínicos adversos medidos no estudo ocorreram com mais frequência entre doentes cardíacos com diabetes, em comparação com aqueles sem diabetes, isto depois de terem sido ajustados os vários fatores que poderiam influenciar a relação, como idade, sexo, tabagismo, índice de massa corporal, pressão arterial, medicamentos e outros problemas de saúde.
Após esses ajustes, foi descoberto que entre as pessoas com doença coronária estável, aquelas que tinham diabetes apresentavam uma taxa de mortalidade 38% maior durante o acompanhamento de cinco anos. E tinham também um risco 28% maior de uma combinação de ataque cardíaco, AVC ou morte por causa cardiovascular.
“A diabetes foi associada a resultados piores, mesmo em áreas com prevalência mais baixa. Na Europa, por exemplo, a diabetes foi associada a um risco 29% maior do resultado combinado de ataque cardíaco, AVC ou morte cardiovascular. Isso indica que a gestão destes pacientes de muito alto risco com doenças cardíacas e diabetes deve ser melhorada. Cada país precisa de identificar estas pessoas e oferecer programas educacionais e de prevenção personalizados”, alerta Emmanuelle Vidal-Petiot.
“Nunca é demais enfatizar a importância de uma vida e alimentação saudáveis”, acrescenta. “Todos podemos diminuir o nosso risco de desenvolver diabetes com um controlo de peso e exercícios, e a deteção precoce é necessária para que o açúcar no sangue possa ser controlado. Pessoas com doenças cardíacas e diabetes precisam também de um estilo de vida ativo e de uma boa dieta para proteger a sua saúde. Evitar fumar é essencial, assim como controlar a pressão arterial e os níveis de colesterol.”