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Em casa, mas atentos aos fatores de risco do AVC

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Este ano, o Dia Nacional do Doente com AVC (31 de março) assinala-se à porta fechada, cumprindo as recomendações de distanciamento social para contenção da propagação do COVID-19. Mas nem por isso se torna menos importante o reforço das mensagens de atenção aos fatores de risco do AVC e à adoção de estilos de vida saudáveis, sobretudo numa altura em que as rotinas habituais sofrem alterações e adaptações inevitáveis.

Apesar da redução da taxa de mortalidade por AVC registada nas últimas décadas, este continua a ser representar, por cá, a principal causa de morte e de incapacidade permanente. Por hora, três portugueses sofrem um AVC e um não sobrevive. Dos restantes, metade ficará com sequelas incapacitantes. 

“Ser vítima ou ser sobrevivente de um AVC por si só não coloca o doente em maior risco de ter COVID-19, nem há estudos que permitam dizer que os doentes com COVID-19 estejam em risco de vir a ter um AVC”, esclarece Miguel Rodrigues, neurologista e membro da direção da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC).

“Mas muitas pessoas que sofreram um AVC pertencem a um grupo de risco por serem idosos, estarem mais fragilizados ou terem uma doença crónica, como diabetes, hipertensão arterial, doença cardíaca, doença respiratória ou doença renal crónica”, acrescenta.

Por isso, “é muito importante que os doentes que pertencem a grupos de risco mantenham distanciamento social e permanência no domicílio durante a pandemia, como recomendado pelas autoridades de saúde”.

Atentos aos fatores de risco do AVC

Importante é também evitar que o isolamento social e a menor mobilidade das pessoas seja fonte de mais preocupação. Importa, por isso, reforçar algumas mensagens-chave, salientando o papel da prevenção, que implica o reconhecimento dos sinais de alerta de AVC e, também, a identificação dos fatores de risco cerebral, a serem evitados e/ou controlados.

“A população deve estar informada sobre os sinais de alerta de AVC, os chamados 3 F’s – falta de força num braço, desvio da face e dificuldade na fala – e saber que, perante o aparecimento de um deles, a única atitude correta é a de acionar de imediato os serviços de emergência, através do 112”, lembra Castro Lopes, presidente da SPAVC.

“A Via Verde do AVC está organizada em Portugal para encaminhar os doentes rapidamente para os hospitais capazes de fornecer os tratamentos adequados. Tempo é cérebro, e está nas mãos de cada um agir o mais rapidamente possível.”

Ainda de acordo com o especialista, “dispomos hoje de tratamentos inovadores de fase aguda, como a trombólise farmacológica e a trombectomia mecânica, que aumentam as taxas de sobrevivência e reduzem a incapacidade, e que serão tanto mais eficazes quanto mais cedo forem administrados”.

Acesso à reabilitação é um direito

Nestes tempos alarmantes que vivemos, as medidas de prevenção do AVC devem também ser reforçadas, com especial destaque para a adoção de uma alimentação saudável, equilibrada e variada (ajudando à manutenção do sistema imunitário) e para a prática regular de atividade física, ajustada à idade e aos condicionamentos circunstanciais.

Mesmo em casa, é possível realizar exercícios de mobilidade, alongamentos e treinos de força para se manter fisicamente ativo.

Por fim, a luta pelo acesso à reabilitação cumpre ainda um papel mais importante em cenários de pandemia, onde esta intervenção é muitas vezes descurada.

O presidente e fundador da SPAVC explica que “esta Sociedade tem vindo a frisar que a reabilitação não é uma esmola, mas sim um direito! É necessário lutar para garantir aos sobreviventes de AVC esta intervenção até à recuperação das capacidades perdidas devido ao episódio vascular cerebral – durante uma vida inteira, se for preciso”.