A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) integra um projeto inovador que visa criar sensores “wearable”, incorporados em calçado, roupa e outros materiais, que sejam capazes de responder às necessidades de atletas e de pessoas com determinadas doenças.
Com o projeto INNO4HEALTH, que conta com a participação de Alberto Freitas, Sérgio Sampaio, Cristina Santos e Júlio Souza, investigadores da FMUP/CINTESIS envolvidos no projeto, estes sensores vão permitir, através da inteligência artificial, criar um conjunto de ferramentas capazes de aferir a performance e a condição física de pacientes e atletas, centrando-se, em Portugal, na área das doenças vasculares, nomeadamente no acompanhamento da recuperação em claudicação, úlceras venosas e pacientes com pé diabético.
Além da sua capacidade de recolha de dados, os sensores vão também permitir identificar pontos de dor nos membros inferiores e dar sugestões ao paciente para melhorar a sua condição e performance.
Para alcançar estes resultados, de acordo com os autores, a iniciativa teve de enfrentar vários desafios, nomeadamente a integração de “novas tecnologias na prática clínica”, uma vez que o processo exige “um conhecimento profundo dos cenários clínicos”.
Outro desafio consiste em “medir a eficácia e validar o produto/solução que está a ser desenvolvido, de modo a comprovar os ganhos a nível clínico e a melhoria dos cuidados prestados”, o que passa pelo recrutamento de doentes.
Os investigadores consideram, porém, que “o maior desafio foi propor uma solução que fosse minimamente invasiva, facilmente adaptável ao plano terapêutico e à rotina dos pacientes e profissionais de saúde e que possa vir a ser adotada em larga escala no futuro”.
Assim, “é esperado que o produto tecnológico desenvolvido permita aos profissionais de saúde monitorizar os seus pacientes fora dos centros de saúde e dos hospitais, acompanhando a evolução da doença e a adesão ao tratamento, além de fornecer dados que possam ser úteis para a decisão terapêutica”, permitindo também que os doentes acompanhem a sua evolução.
“É também esperado que a tecnologia permita ao próprio doente monitorizar em tempo real a sua própria condição de saúde, para além de motivar a cumprir o tratamento prescrito pelo médico”, acrescentam.
Desta forma, “a médio e longo prazo, esta iniciativa poderá resultar numa redução das visitas aos serviços de saúde e, consequentemente, na economia dos recursos, para além de melhorias em indicadores clínicos específicos”, apontam os investigadores.
Em Portugal, o INNO4Health está concentrado em doentes com problemas vasculares nas extremidades inferiores, nomeadamente o pé diabético e a claudicação intermitente. Estas condições resultam em perda da qualidade de vida, em função da dor, das limitações na marcha, da necessidade de acompanhamento constante em serviços de saúde e, em alguns casos, das hospitalizações.