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3 avanços que estão a transformar o tratamento do cancro do pulmão

cancro do pulmão

O cancro do pulmão é o 4.º tipo de tumor maligno mais frequente em Portugal, de acordo com os dados do Globocan, de 2022, mas o que mais mata: mais de 5.000 pessoas por ano. No entanto, os especialistas do Colégio Americano de Cirurgiões (ACS) defendem que está a chegar uma nova era de esperança, impulsionada por três desenvolvimentos principais: a crescente, embora ainda subutilizada, adoção de exames de rastreio que detetam o cancro do pulmão precocemente, técnicas cirúrgicas refinadas que melhoram a recuperação e terapias personalizadas que visam o cancro específico de cada doente.

O rastreio é uma ferramenta que salva vidas e é subutilizada, garantem. A adoção do rastreio do cancro do pulmão com tomografia computorizada de baixa dose revolucionou o tratamento, permitindo diagnósticos em fases precoces e mais tratáveis. Com o rastreio, há uma redução de até 20% nas mortes, de acordo com o Instituto Nacional de Cancro dos EUA. No entanto, são poucos os que o realizam.

“O rastreio do cancro do pulmão é a ferramenta mais poderosa para reduzir as mortes por cancro do pulmão que poderei ter durante a minha vida”, afirma Daniel J. Boffa, vice-presidente do ACS e professor na Escola de Medicina de Yale. “O rastreio com tomografia computorizada, que demora apenas alguns minutos, permite que o cancro seja detetado numa fase inicial, quando os tratamentos são mais fáceis para os doentes e têm maior probabilidade de cura.”

O rastreio é recomendado para pessoas com antecedentes de tabagismo, mas os especialistas afirmam que até 20% dos casos de cancro do pulmão ocorrem em pessoas que nunca fumaram. “É importante conhecer os riscos e os sintomas do cancro do pulmão. Esteja atento a uma tosse persistente, associada a dor no peito ou tosse com sangue”, refere Boffa.

O especialista acrescenta ainda que os fatores de risco para o cancro do pulmão em pessoas que nunca fumaram podem incluir uma exposição significativa ao radão, amianto ou fumo de cozinha e incêndios florestais, bem como um historial familiar de cancro do pulmão em pessoas que não fumaram, entre outros potenciais fatores.

A precisão do tratamento cirúrgico

Para o cancro do pulmão em fase inicial, a cirurgia continua a ser o padrão de ouro para a cura. A área evoluiu drasticamente desde os tempos das grandes incisões abertas e, hoje em dia, a maioria das cirurgias de cancro do pulmão é realizada através de técnicas minimamente invasivas, como a cirurgia robótica.

“Estas técnicas avançadas permitem-nos remover o cancro com uma precisão incomparável através de várias pequenas incisões”, explica David Tom Cooke, professor na UC Davis e membro da ACS. “Esta abordagem resulta em menos dor após a cirurgia, internamentos hospitalares mais curtos e um regresso mais rápido à vida normal para os nossos doentes.”

Terapias cada vez mais personalizadas

Além da cirurgia, os testes de biomarcadores e as terapias dirigidas revolucionaram o tratamento do cancro do pulmão. Ao analisar a composição genética de um tumor, os médicos podem identificar mutações específicas e utilizar medicamentos direcionados ou imunoterapia para atacar as células cancerígenas, preservando as saudáveis.

“Já não estamos a tratar todos os cancros do pulmão da mesma forma. Com testes de biomarcadores específicos e terapia dirigida, estamos a ver a sobrevivência a estender-se por anos, mesmo em casos de cancro em fase avançada”, afirma Ian C. Bostock, cirurgião torácico do Baptist Health Miami Cancer Institute e professor associado de cirurgia na Florida International University.

O papel da cessação tabágica

Embora os avanços no tratamento estejam a salvar vidas, deixar de fumar é a medida mais eficaz para prevenir o cancro do pulmão, com benefícios também significativos para os doentes com cancro de pulmão: está associado a melhores resultados de tratamento, menos complicações e pode acrescentar até 1,8 anos de sobrevivência para os doentes com cancro do pulmão.

“Deixar de fumar dá trabalho, mas os benefícios para a saúde compensam”, acrescenta Boffa. “Nunca houve melhores ferramentas e apoio para ajudar as pessoas a deixar de fumar.”

Crédito Imagem: iStock

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