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Cientistas desenvolvem uma tecnologia para evitar o burnout

esgotamento

Hoje em dia, uma mistura de stress e frenesim no trabalho pode deixar as pessoas exaustas. Poderá a tecnologia ter aqui um papel, ajudando a detetar esses estados de espírito, antes de um esgotamento? Estas questões serviram de ponto de partida para uma investigação realizada por uma equipa internacional de cientistas e que culminou com o desenvolvimento do MBioTracker, uma plataforma de aquisição e processamento de sinais fisiológicas que incorpora novos algoritmos e monitoriza o impacto do trabalho, evitando o esgotamento.

É sabido que existem trabalhos que exigem concentração e stress acima da média, por exemplo, situações de alto risco, que exigem muito tempo ou multitarefas. É o caso dos bombeiros, que realizam as suas tarefas em ambientes ao mesmo tempo mutáveis ​​e diversos.

Ninguém duvida que realizam estas ações e cumprem as suas tarefas, mitigando os riscos e, sobretudo, os efeitos sobre as pessoas e o meio ambiente. No entanto, este trabalho, além de exigir uma habilidade admirável, depende também, para o seu bom desenvolvimento, do que se chama “carga cognitiva” da pessoa, ou seja, um estado definido pela exaustão derivada do esforço mental de estar continuamente exposto a uma tarefa stressante.

Um bombeiro com elevada carga cognitiva não conseguirá fazer bom uso das ferramentas e técnicas, podendo comprometer não só a sua própria vida, mas também a de outras pessoas. “A carga cognitiva é um estado definido pela exaustão derivada do esforço mental de estar exposto a uma tarefa stressante continuamente”, confirma Rodrigo Mariño, investigador da Universidade Politécnica de Madrid (UPM) que, em conjunto com cientistas da École Polytechnique Fédérale de Lausanne, realizou o estudo.

E foi isto mesmo que os levou a iniciar um estudo de monitorização do piloto de um drone, uma tarefa que os bombeiros podem ter de realizar durante horas em busca de pessoas que precisam de ajuda num incêndio florestal.

A ideia era desenvolver um sistema que utilizasse inteligência artificial, especificamente aprendizagem de máquina, para saber quando é que uma pessoa se encontra a ter um episódio de alta carga cognitiva. Para isso foi necessário desenvolver um dispositivo vestível, que recolhesse informações da pessoa, por exemplo, os níveis de suor, batimentos cardíacos e até respiração, sem interferir na sua tarefa.

“Desenvolvemos várias experiência, resultando num sistema final muito satisfatório, capaz de reconhecer corretamente os episódios em 76% dos casos e que pode ser autónomo durante aproximadamente 14 horas”, indicam os autores do estudo. “Isso permite que os bombeiros tenham um indicador de como se estão a sair durante a sua missão. Mas não é só isso, podem também ser monitorizados por uma estação base, o que permite que sejam enviados reforços em caso de necessidade”, conclui Mariño.

Este dispositivo não se restringe apenas aos bombeiros, mas pode ser útil para quase qualquer trabalho, como pilotos de avião. Também pode ser utilizado para outras tarefas menos exigentes, como trabalhos na indústria pesada, onde a exaustão durante a jornada de trabalho pode comprometer a segurança da pessoa. Em suma, esta solução pode ser aplicada a qualquer trabalho, com o objetivo de detetar como uma pessoa está antes que fique “esgotada”.