
Os recipientes e utensílios de plástico são artigos básicos em muitas cozinhas. Mas será que podem estar a afetar a sua saúde? Investigadores da Universidade de Rochester, nos EUA, procuram dar resposta a esta e outras questões, associadas à presença de plástico nas nossas vidas.
Os plásticos, frequentemente vistos como um único material, são, na verdade, feitos de muitos polímeros diferentes, cada um com uma composição química única. Contêm diferentes aditivos químicos, como corantes, plastificantes e retardantes de chama. À medida que estes plásticos interagem com micróbios e produtos químicos ambientais, o risco para a saúde humana torna-se mais complexo.
Uma das formas mais comuns de exposição ao plástico é na cozinha. As espátulas e outros utensílios de plástico podem conter substâncias químicas nocivas; as tábuas de corte em plástico libertam pequenos fragmentos de diversos formatos e tamanhos que podem ser ingeridos; os recipientes de plástico podem libertar substâncias químicas quando aquecidos no micro-ondas.
Com o tempo, os plásticos de grandes dimensões decompõem-se em fragmentos microscópicos que se movem facilmente através da cadeia alimentar e persistem no ambiente.
“Os microplásticos são quaisquer partículas de plástico com menos de cinco milímetros de tamanho — e isto é aproximadamente o tamanho da ponta de uma borracha”, diz Katrina Korfmacher, codiretora do Lake Ontario MicroPlastics Center (LOMP) e professora de medicina ambiental.
Com o tempo, os plásticos de grandes dimensões — conhecidos como macroplásticos — decompõem-se em fragmentos microscópicos que se movem facilmente através da cadeia alimentar e persistem no ambiente. As fontes comuns de poluição plástica incluem embalagens de alimentos, garrafas de plástico, tampas de garrafas de plástico, sacos de plástico, palhinhas de plástico, pontas de cigarro, partículas de desgaste de pneus e roupas sintéticas.
Os resíduos plásticos entram no ambiente através de águas pluviais urbanas, escoamento agrícola e águas residuais. E os microplásticos até já foram encontrados até no ar que respiramos; quando inalados, podem alojar-se nos pulmões ou entrar na corrente sanguínea. Em suma, são omnipresentes, frequentemente difíceis de detetar e mitigar, e a investigação encontrou as partículas no sangue humano, coração, fígado e tecido pulmonar, placenta e leite materno. No entanto, pouco se sabe sobre o seu impacto a longo prazo na saúde humana.
“Estamos também a estudar partículas muito mais pequenas, chamadas nanoplásticos, que são suficientemente pequenas para passarem para o corpo humano e até para as células humanas”, acrescenta Korfmacher. “Por isso, estamos a trabalhar arduamente para identificar os tipos de plástico que realmente entram nos nossos corpos, simular os que estão em laboratório e depois usá-los em experiências.” O objetivo? Verificar como os diferentes tipos, formatos, tamanhos e concentrações de plásticos afetam a nossa saúde.
As tábuas de corte de plástico são seguras?
Um estudo recente tentou simular a exposição diária alimentando ratinhos com microplásticos produzidos a partir do corte em tábuas de corte de plástico verdadeiras. Os resultados mostraram que diferentes tipos de plástico causaram diferentes efeitos na saúde: um tipo levou à inflamação intestinal, enquanto outro alterou as bactérias intestinais. Isto sugere que a exposição real ao plástico é mais complexa do que os estudos laboratoriais realizados com tipos individuais de partículas padrão poderiam sugerir.
Num comentário sobre o estudo, Korfmacher e Christy Tyler, também professora, refletiram sobre a quantidade de plástico que podemos estar a adicionar aos nossos alimentos apenas por preparar refeições em casa utilizando utensílios e recipientes de plástico. Salientaram que, embora a exposição ao microplástico seja uma preocupação crescente, ainda não compreendemos completamente como afecta a saúde humana. Por exemplo, embora os estudos laboratoriais relacionem os microplásticos com a inflamação intestinal, apenas uma pequena percentagem de pessoas apresenta estes sintomas.
Como limitar a exposição ao plástico?
Existem formas simples de reduzir a exposição:
- Prefira os utensílios de madeira ou aço inoxidável aos de plástico.
- Evite aquecer alimentos em recipientes de plástico no micro-ondas.
- Lave as mãos e limpe as superfícies após manusear embalagens de plástico.
- Não deixe as crianças pequenas roer brinquedos de plástico.