O plástico é um material muito complexo que pode conter muitos produtos químicos diferentes, alguns dos quais podem ser prejudiciais. Isto também se aplica às embalagens para alimentos. “Encontrámos 9.936 substâncias químicas diferentes num único produto de plástico utilizado como embalagem de alimentos”, confirma Martin Wagner, professor do Departamento de Biologia da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia (NTNU), que chama a atenção para este tema.
Há vários anos que Wagner trabalha com substâncias químicas em produtos de plástico. Faz parte de um grupo de investigação da NTNU que publicou agora os seus resultados na revista Environmental Science & Technology, um dos quais parte da análise a 36 produtos de plástico diferentes que são utilizados para embalar alimentos, provenientes de cinco países: Estados Unidos, Reino Unido, Coreia do Sul, Alemanha e Noruega.
“Na maior parte destes produtos de plástico, encontrámos substâncias químicas que podem afetar a secreção de hormonas e o metabolismo”, afirma Wagner.
Estas funções são absolutamente vitais, já que as hormonas são os mensageiros do corpo, sendo segregadas por várias glândulas diferentes e permitindo que os diferentes órgãos comuniquem entre si. O metabolismo é a soma dos vários processos que permitem ao organismo utilizar os nutrientes para fornecer ao corpo a energia e as substâncias necessárias ao seu funcionamento.
No segundo estudo, os investigadores analisaram diferentes combinações de químicos plásticos para perceber o possível efeito que têm nos recetores acoplados à proteína G, que desempenham um papel importante na transmissão de sinais no corpo.
“Identificámos 11 combinações químicas de produtos plásticos que afetam estes recetores de sinais”, afirma o especialista,
Mais ainda, os investigadores descobriram novas formas através das quais estas misturas químicas podem afetar a transmissão de sinais no corpo.
“Estas e outras descobertas anteriores mostram que o plástico nos expõe a químicos tóxicos. Apoiam a teoria de que precisamos de o redesenhar para que se torne mais seguro”, refere.
Anteriormente, não se sabia se os produtos químicos podiam ser libertados para o ambiente em condições normais ou se permaneciam ligados ao plástico. No entanto, há alguns anos, outro grupo de investigação provou que a maioria dos produtos liberta substâncias químicas quando submersos em água.
Como o plástico contém tantas substâncias químicas diferentes, os investigadores ainda só conseguem identificar algumas delas de cada vez. Isto significa que ainda sabemos muito pouco sobre os efeitos da maioria destes químicos.