Ajudar a definir um tratamento mais personalizado para as crianças com asma é um objetivo cada vez mais real, com a ajuda do trabalho de um grupo de especialistas portugueses, que mostrou ser possível identificar biomarcadores da asma no condensado do ar expirado pelos mais pequenos.
São vários os fatores que contribuem para a carga de doença da asma, mas por encontrar estão “abordagens seguras e eficazes para a prevenção primária ou secundária” da doença, que se possam usar de forma precoce, explica Francisca Mendes, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e primeira autora do estudo, publicado pela revista PLOS One.
Aquilo que o grupo que liderou decidiu fazer foi “identificar potenciais biomarcadores no condensado do ar exalado”, capazes de ajudar no diagnóstico da asma e na tipagem da mesma em crianças em idade escolar, tipagem esta que permitiria criar tratamentos à medida de cada um.
Para isso, foram avaliadas 186 crianças, com idades entre os sete e os 12 anos de idade, de 20 escolas primárias públicas do Porto.
Melhorar o tratamento da asma nas crianças
Os especialistas analisaram microRNAs, ou seja, “moléculas de RNA (ácido ribonucleico) que existem no organismo e que modulam quase todos os processos biológicos. Estudos anteriores mostraram que certos microRNAs poderão estar associados ao desenvolvimento da asma”, refere Francisca Mendes, que acrescenta que, no entanto, “é ainda escassa a investigação sobre o papel destas moléculas como potenciais biomarcadores para diagnosticar a doença”.
Foi esse mesmo papel que os especialistas conseguiram confirmar com o seu trabalho, que comprova que é possível medir os microRNAs no ar expirado pelos mais pequenos, uma forma simples, segura e não invasiva, podendo “alguns destes microRNAs ser usados como potenciais biomarcadores da asma nas crianças”, o que ajudaria a definir as características específicas da doença e a tratá-la de acordo com as mesmas.