Há quanto tempo não limpa o seu carro? Um estudo realizado por investigadores da Faculdade de Saúde e Ciências da Vida da Universidade de Aston, em Inglaterra, revelou que o interior dos nossos carros tem níveis significativamente mais altos de germes do que uma casa de banho.
Uma descoberta que teve por base a recolha de amostras de interiores de carros com histórico de terem tido proprietários variados, para estabelecer os níveis de contaminação bacteriana dentro dos veículos e destacar como as pessoas limpam os seus carros.
Os resultados revelaram que os condutores deveriam limpar o interior dos seus carros com mais frequência, com base nas bactérias nocivas que provavelmente serão descobertas na maioria dos carros que circulam hoje na estrada. Em particular, o estudo descobriu que a mala do carro abriga níveis significativamente altos de bactérias, como a E.coli, sendo esta provavelmente encontrada em todas as malas e no banco do condutor.
Mais comummente conhecidas como bactérias fecais, as descobertas representam uma preocupação clara para quem coloca frutas e legumes no porta-bagagens após uma ida à loja ou desfruta de um jantar drive-thru no banco do carro.
Jonathan Cox, professor sénior de microbiologia da Universidade de Aston, considera que “os resultados deste estudo são fascinantes, pois ajudam a mostrar que, apesar de limparmos os nossos carros, quanto mais velhos são, mais sujos geralmente estão”.
Limpeza que, acrescenta, “se torna fundamental quando se pensa em áreas como o porta-bagagens do carro ou o banco do motorista. Muitos de nós colocamos compras soltas de comida nas nossas malas, ou deixamos cair bolachas no nosso assento, que podemos apanhar e comer”.
Outras áreas testadas incluíram a manete das mudanças, o painel e o banco traseiro, que também apresentaram níveis mais altos de contaminação bacteriana do que os encontrados nas casas de banho domésticas comuns. As bactérias encontradas incluíam Pseudomonas, uma bactéria com estirpes que não podem ser facilmente tratadas com antibióticos e Staph Aureus, um germe associado a tosses e espirros que, em alguns casos, está associado ao MRSA (Staphylococcus aureus Resistente à Meticilina).
Contas feitas, as zonas mais sujas do carro são: a mala, com 1.425 bactérias identificadas; o banco do motorista (649 bactérias), a manete das mudanças (407 bactérias), o banco traseiro (323) o painel de controlo (317) e o volante (146).
Também foi descoberta uma correlação entre a idade de um carro e os níveis de bactérias que podem ser encontrados no seu interior: os carros mais antigos exibiram cargas de bactérias mais altas do que aqueles que estiveram na estrada por um período mais curto de tempo.
No entanto, os investigadores descobriram que, de todas as áreas dos nossos carros, o volante era geralmente considerado o mais limpo. Essa área de alto contacto registou níveis muito baixos de contaminação bacteriana e pode ser devido ao aumento no uso de desinfetantes para as mãos após a pandemia do COVID-19.
“Estes resultados destacam que devemos mudar a forma como pensamos sobre os nossos carros e a limpeza. Muitas vezes, limpamos os nossos carros com base no facto de eles “parecerem” sujos. Mas uma pessoa nunca pensaria em comer do assento da sanita”, refere Cox.
“Os estofos devem, idealmente, receber também uma limpeza profunda”, acrescenta.