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Medicamento experimental pode bloquear estágios iniciais da COVID-19

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Um medicamento já testado contra doenças pulmonares pode ser capaz de inibir a COVID-19, reduzindo a carga de coronavírus que entra nos pulmões e noutros órgãos. É pelo menos essa a esperança que vem de um novo estudo, realizado e parceria por investigadores do Karolinska Institutet, na Suécia, e da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.

Publicado na revista científica Cell, o trabalho apresenta resultados que podem ser promissores para o tratamento de pessoas com COVID-19 nos estágios iniciais da infeção.

“O nosso estudo fornece novas ideias sobre como o SARS-CoV-2 infeta as células do corpo, incluindo os vasos sanguíneos e os rins”, afirma em comunicado Ali Mirazimi, professor adjunto do Departamento de Medicina Laboratorial do Karolinska Institutet e um dos autores correspondentes do estudo.

“Esperamos que os nossos resultados possam contribuir para o desenvolvimento de um novo tratamento capaz de ajudar pessoas com COVID-19.”

Estudo prepara-se para começar com doentes com COVID-19

Os investigadores usaram amostras de tecido de um doente com COVID-19 para isolar e cultivar o SARS-CoV-2, o vírus que causa a doença.

Em culturas celulares, foram capazes de mostrar como uma proteína presente no SARS-CoV-2 se liga a um recetor da superfície celular, chamado enzima de conversão da angiotensina 2 (ACE2), para entrar nas nossas células. Um mecanismo que já tinha sido usado pelo vírus SARS, em 2003.

Ao adicionar uma variante geneticamente modificada dessa proteína, os investigadores queriam testar se o vírus poderia ser impedido de infetar as células.

O resultado agora publicado mostra que a versão dessa proteína reduziu o crescimento viral do SARS-CoV-2.

“Acreditamos que a adição dessa cópia da enzima atrai o vírus e lava-o a juntar-se à cópia em vez de às células reais”, refere Mirazimi. “Isso distrai o vírus, impedindo-o de infetar as células no mesmo grau e devendo levar a uma redução no crescimento do vírus nos pulmões e noutros órgãos.”

Até agora, a investigação limitou-se a culturas celulares e órgãos em miniatura, mas a empresa de biotecnologia que desenvolve o medicamento planeia realizar um ensaio clínico em doentes com COVID-19 infetados na China. 

Os investigadores realçam, no entanto, que o estudo atual examinou apenas o efeito do fármaco durante os estágios iniciais da infeção, sendo necessário mais trabalho para determinar se também é eficaz nos estágios posteriores do desenvolvimento da doença.

No mesmo estudo, foi ainda possível mostrar que o vírus pode infetar diretamente e multiplicar-se nos vasos sanguíneos e nos rins, o que fornece informações importantes sobre o desenvolvimento da doença e o facto de casos graves da COVID-19 apresentarem falência de múltiplos órgãos e evidência de dano cardiovascular.