Só temos uma vida e só temos um fígado e a hepatite pode devastara para ambos. Esta é uma das mensagens da Organização Mundial de Saúde (OMS) a propósito do Dia Mundial da Hepatite, que recorda que o fígado desempenha silenciosamente mais de 500 funções vitais todos os dias para nos manter vivos, sendo essencial a manutenção da sua saúde.
Uma mensagem importante numa altura em que estas doenças virais continuam a matar mais de um milhão de pessoas todos os anos. Em conjunto, a hepatite B e a C causam 1,1 milhões de mortes e três milhões de novas infeções anualmente, contando-se 3.000 pessoas mortes todos os dias. Ou seja, uma morte a cada 30 segundos.
Mas há mais: 8.000 novas infeções por hepatite B e C todos os dias, o que, contas feitas, são mais de cinco infeções por minuto. E, se a atual trajetória se mantiver, até 2040, as hepatites virais matarão mais pessoas anualmente do que a malária, a tuberculose e o VIH/SIDA todos juntos.
Uma doença silenciosa
Há ainda, em todo o mundo, um grande número de pessoas não diagnosticadas e não tratadas a viver com hepatite, infeção que é silenciosa, sendo também baixa a sensibilização para a saúde do fígado, refere a OMS.
A maioria dos sintomas só surge quando a doença já está avançada, o que resulta num grande número de pessoas não diagnosticadas que vivem com hepatite. E, “mesmo quando é diagnosticada, o número de pessoas que recebe tratamento é incrivelmente baixo”.
Segundo a OMS, apenas 10% das pessoas com hepatite B crónica são diagnosticadas e só 22% dessas pessoas recebem tratamento, o que representa apenas 2% do total dos encargos globais com a saúde. No que diz respeito à C, apenas 21% das pessoas são diagnosticadas e, destas, 62% recebem tratamento para as curar, cerca de 13% do total dos encargos globais com a saúde.
Mas muitas infeções por estas doenças – e mortes – podem ser evitadas, sendo fundamental, de acordo com os especialistas, a oferta de serviços de fácil acesso nas unidades de saúde locais.
Metas para eliminação da hepatite em risco
Para eliminar a hepatite e atingir os ambiciosos objetivos da OMS até 2030, os serviços simplificados de cuidados primários devem garantir que todas as mulheres grávidas que vivem com hepatite B crónica tenham acesso a tratamento e os seus bebés tenham acesso a vacinas contra esta doença para prevenir a infeção.
Assegurar ainda que 90% das pessoas que vivem com hepatite B e/ou C sejam diagnosticadas, que 80% das pessoas diagnosticadas sejam curadas ou tratadas de acordo com os novos critérios de elegibilidade alargados.
A hepatite C pode ser prevenida através de um rastreio adequado de todo o sangue doado, assegurando práticas de injeção seguras em contextos de cuidados de saúde, em casa e sobretudo entre as pessoas que injetam drogas. E, após anos de aumento do número de tratamentos, os dados atuais mostram que o número de pessoas que acedem à cura desta doença está a abrandar, isto apesar de um curso de 12 semanas de medicação para a curar custe atualmente 60 dólares, em comparação com os custos iniciais de mais de 90.000 dólares quando foi introduzido pela primeira vez.
Já a hepatite B, esta pode ser prevenida através da vacinação e gerida eficazmente através de tratamento, que custa atualmente menos de 30 dólares por ano (2,4 dólares por mês).
“Com a COVID-19 a deixar de ser uma emergência de saúde mundial, chegou a altura de eliminar as hepatites virais e cumprir os nossos objetivos para 2030”.
Reduzir as infeções de hepatite B em crianças pode ser feito através de uma prática de vacinação eficaz, que é uma das poucas metas de saúde dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que está no bom caminho. E é também o único objetivo para estas doenças que pode ser atingido no tempo definido para tal.