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O preço das doenças cardiovasculares na Europa é superior ao orçamento total da UE

doenças cardiovasculares

As doenças cardiovasculares custaram à União Europeia (UE), em 2021, cerca de 282 mil milhões de euros, mostram os dados de uma análise Sociedade Europeia de Cardiologia e da Universidade de Oxford, no Reino Unido. A saúde e os cuidados continuados representaram 155 mil milhões de euros, ou seja, 55% destes custos.

O autor do estudo, Ramon Luengo-Fernandez, especialista da Universidade de Oxford, afirma que “as doenças cardiovasculares tiveram um impacto significativo na economia da UE27, custando um total de 282 mil milhões de euros em 2021. Isso equivale a 2% do PIB da Europa e é significativamente mais do que todo o orçamento da UE em si, utilizado para financiar a investigação, a agricultura, as infraestruturas e a energia”.

Esta foi a análise mais abrangente e atualizada dos custos económicos das doenças cardiovasculares para a sociedade na UE desde 2006 e é o primeiro a utilizar registos e inquéritos de doentes à escala europeia, em vez de se basear em suposições, incluindo custos da assistência social a longo prazo. A análise atual fornece estimativas dos custos económicos sociais das doenças cardiovasculares para os 27 estados membros da UE em 2021, incluindo saúde e assistência social, cuidados informais e perdas de produtividade.

Esta divisão inclui 130 mil milhões de euros para cuidados de saúde (46%), 25 mil milhões de euros para assistência social (9%)
79 mil milhões de euros para cuidados informais (28%), 15 mil milhões de euros em perdas de produtividade devido a doença/incapacidade (5%), 32 mil milhões de euros em perdas de produtividade devido a morte prematura (12%), com um custo total equivalente a 630 euros por cidadão da UE, variando entre 381 euros no Chipre e 903 euros na Alemanha.

Perdas de vidas e produtividade

As doenças cardiovasculares custaram aos sistemas de saúde e de assistência social aproximadamente 155 mil milhões de euros em 2021, representando 11% da despesa total com cuidados de saúde.

Mas há uma grande variação entre países na proporção dos orçamentos de saúde gastos com estas doenças, que vão dos 6% na Dinamarca a 19% na Hungria.

Os cuidados de saúde incluíam cuidados primários, cuidados de emergência, cuidados hospitalares, cuidados ambulatórios e medicamentos, enquanto os cuidados sociais incluíam cuidados institucionalizados de longa duração e cuidados ao domicílio. O principal contribuinte foram os cuidados hospitalares, que custaram 79 mil milhões de euros, representando 51% dos custos de cuidados relacionados com as doenças cardiovasculares. Já os medicamentos representaram 31 mil milhões de euros (20%), seguidos pelos lares de idosos com 15 mil milhões de euros (9%).

Os custos com cuidados informais incluíam o tempo de trabalho ou lazer, avaliado em termos monetários, que familiares e amigos tiveram de abdicar para prestar cuidados não remunerados: contas feitas, foram 7,5 mil milhões de horas de cuidados não remunerados a pacientes com doenças cardiovasculares em toda a UE, num montante de 79 mil milhões de euros.

As perdas de produtividade incluíram perdas de rendimentos devido a doença/incapacidade (reforma antecipada/absenteísmo) ou morte prematura e, em 2021, perderam-se 256 milhões de dias de trabalho na UE por este motivo, com um custo de 15 mil milhões de euros.

Nesse mesmo ano, 1,7 milhões de pessoas morreram devido a doenças cardiovasculares, representando 1,3 milhões de anos de trabalho perdidos e gerando perdas de produtividade de 32 mil milhões de euros.

O membro do Conselho da Sociedade Europeia de Cardiologia e autor do estudo, Victor Aboyans, da Universidade de Limoges, França, não tem dúvidas que “este estudo sublinha a necessidade urgente de agir coletivamente à escala europeia para melhor combater o risco cardiovascular dos cidadãos, em particular através de regulamentos para uma melhor prevenção cardiovascular e investimento na investigação. Ao optar por não investir nas doenças cardiovasculares estamos simplesmente a adiar os custos. Estes dados obrigam-nos a colocar a questão: investimos hoje na saúde cardiovascular ou seremos forçados a pagar mais numa fase posterior?”

“Esta apresentação proporciona uma compreensão clara do peso económico global das doenças cardiovasculares nos diferentes países da UE, oferecendo a oportunidade de tirar conclusões valiosas que são útil para os responsáveis ​​pela elaboração de planos de saúde”, acrescenta Panos Vardas, diretor de estratégia da Agência Europeia do Coração.

“É evidente que existe uma fragmentação significativa entre os países da UE em termos de despesas com cuidados de saúde em doenças cardiovasculares. Isto exige uma reavaliação por parte da UE como um todo, e dos 27 países da UE individualmente, para melhor responder às necessidades pendentes e investir de forma mais eficaz no apoio às pessoas que sofrem de doenças cardiovasculares.”

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