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Relação entre doença renal crónica e diabetes é perigosa, mas não tem de ser inevitável

doença renal crónica e diabetes

É uma relação que pode ser íntima, mas perigosa. Lá fora e por cá, a diabetes está associada à doença renal crónica, sendo a primeira a principal causa da segunda. De acordo com os dados internacionais, estima-se que 30% a 40% dos doentes com diabetes tenham algum tipo de manifestação de doença renal. Em Portugal, segundo Rita Birne, nefrologista, “aproximadamente um terço dos doentes com falência renal devem-no à diabetes, mas ainda assim os portugueses não conhecem como deveriam esta relação.

De acordo com a especialista, não estão também “suficientemente cientes dos riscos de perder a visão, de amputação ou de morte prematura associados a uma gestão inadequada da diabetes e das suas complicações”.

E tudo se complica ainda mais porque, na maioria dos casos, não existem sinais de alerta para uma possível doença renal crónica entre quem sofre de diabetes.

“A dificuldade encontra-se precisamente aí”, reforça Rita Birne. “A doença renal crónica progride ‘silenciosamente’. Quando aparecem sinais, já está muito avançada e pode haver pouco a oferecer para travar a falência renal.”

No entanto, esta relação entre diabetes e doença renal crónica não tem de ser uma inevitabilidade: há formas de evitar ou minimizar o aparecimento dos problemas renais.

“Em primeiro lugar devem ser enveredados todos os esforços para controlar a glicemia da forma mais adequada, o que exige, para além de medicamentos ou insulina, a redução do excesso de peso, disciplina alimentar e realização de exercício físico regular”, explica a médica.

“Também é de extrema importância controlar de forma rigorosa a hipertensão e parar de fumar.”

No caso em que as duas doenças já estão presentes, “o melhor controlo da diabetes irá minimizar as lesões que a glicemia em excesso no sangue produz em vários órgãos, nomeadamente no rim. Por outro lado, a presença de doença renal crónica pode implicar alteração dos medicamentos da diabetes, dificulta o controlo da glicemia e sabemos que agrava as complicações vasculares e cardíacas da diabetes”.

É preciso, garante, “ir aferindo a estratégia terapêutica tendo em conta essas dificuldades, de forma a ir ajustando os medicamentos à função renal, optar por medicamentos reno e cardioprotetores e evitar toxicidades como por exemplo com a utilização de anti-inflamatórios”

O risco aumentado de doença renal crónica

Para chamar a atenção para as relações perigosas que se estabelecem entre a diabetes e várias outras doenças, estas ganham vida através da Maria Diabetes e Zé Coração, protagonistas de uma campanha que retrata esta relação tumultuosa.

Uma iniciativa da AADIC, da APDP, do Núcleo de Estudos de Diabetes Mellitus da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, da Sociedade Portuguesa de Diabetologia e da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, com o apoio da AstraZeneca, que apresenta quatro pequenos filmes, cada um sobre uma problemática diferente, sempre dentro desta temática.

“Esta campanha espelha a relação entre a diabetes e o risco cardiovascular, uma relação que precisa de ser cuidada, tal como precisamos de cuidar das nossas relações com amigos e familiares, porque a pessoa com diabetes tem um risco aumentado de desenvolver doença cardíaca e também doença renal crónica e ambas estão interligadas”, esclarece Rita Birne.

“Contudo, se cuidar desta relação, adotando hábitos de vida saudáveis para diminuir esse risco, pode ter uma vida normal. Assim, a Maria Diabetes e o Zé Coração personificam esta relação ao longo de quatro episódios, onde podemos ver que, apesar de terem uma relação um pouco tumultuosa, onde ambos se contrariam e contradizem, no fim acabam sempre por cuidar um do outro, da sua relação, porque querem viver felizes para sempre.”

O próximo episódio da campanha será apresentado no âmbito do Dia Mundial da Saúde, o 3.º no âmbito do Dia Europeu da Insuficiência Cardíaca e o 4.º episódio no âmbito do Dia Mundial do Médico de Família.

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