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Mais cancros diagnosticados em fase avançada em pessoas com diabetes tipo 2

cancro

Um estudo realizado junto de 11.945 pessoas de seis países europeus mostra que quem tem diabetes tipo 2 e desenvolve cancro tem maior probabilidade de ser diagnosticado com doença avançada.

Durante a 13ª Conferência Europeia de Cancro da Mama,Anna Jansana, investigadora do grupo Nutrição e Multimorbilidade da Agência Internacional de Investigação sobre Cancro (IARC), refere que, ao contrário da mama e do intestino, para o qual o rastreio populacional de rotina está disponível em muitos países, tumores do pulmão, ovário e próstata, que não têm programas nacionais de rastreio, têm maior probabilidade de serem diagnosticados em pessoas com diabetes tipo 2 apenas quando o tumor já se começou a espalhar (metástase) para outras partes do corpo.

“Os nossos resultados realçam a importância de prestar atenção especial às pessoas com doenças preexistentes do coração, vasos sanguíneos ou metabolismo, como diabetes tipo 2, para que os sinais de cancro possam ser identificados em fases mais precoces, quando é mais provável serem tratados com sucesso”, acrescenta.

Até agora, não se sabia se as pessoas correm maior risco de ter um tumor diagnosticado em fase avançada se tiverem uma doença cardiometabólica preexistente, como diabetes, doença cardíaca ou acidente vascular cerebral.

Mais atenção ao cancro sem rastreio

Jansana e os seus colegas identificaram 11.945 casos de tumores diagnosticados entre 1992 e 2012, de entre 400.577 participantes do estudo European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition (EPIC) e analisaram os casos em que os doentes já tinham sido diagnosticados com doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, ambas ou nenhuma delas, realizando análises com base nos tumores que podiam ser rastreados (mama e colorretal) e naqueles para os quais não havia programas de rastreio.

Em geral, durante ao longo de 15 anos de acompanhamento, 87% das pessoas diagnosticadas com cancro não tinham sofriam de cardiometabólicas preexistentes no momento em que foram diagnosticados, mas 5% dos tumores foram identificados em pessoas com diagnóstico preexistente de doença cardiovascular, 7% em pessoas com diagnóstico de diabetes tipo 2 e 1% em pessoas com diagnóstico de doença cardiovascular e diabetes tipo 2.

Um total de 2.623 pessoas tiveram cancro da mama e 1.722 cancro colorretal e estes dois tipos de tumor não foi encontrada associação estatisticamente significativa entre um estágio posterior de diagnóstico e doenças cardiovasculares preexistentes e diabetes tipo 2. No entanto, para os 7.400 casos de tumores que não têm rastreio, os investigadores descobriram que as pessoas que tinham diabetes tipo 2 preexistente tinham um risco 26% maior de serem diagnosticadas quando o cancro já apresentava metástase, em comparação com as pessoas que não tinham doenças cardiometabólicas existentes.

“A boa notícia é que, para as pessoas com cancro da mama ou colorretal, os programas nacionais de rastreio parecem detetar o cancro muitas vezes antes que deste comece a espalhar-se, tanto para aqueles com e sem diagnósticos preexistentes de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. As nossas descobertas realçam a importância de participar nos rastreios quando convidados”, afirma Jansana.

“No entanto, para os tumores para os quais não existem programas nacionais de rastreio, os nossos resultados podem levar os formuladores de políticas a ampliar as recomendações de saúde pública para abrangerem doentes afetados por doenças cardiometabólicas e tumores. Atualmente, as diretrizes de rastreio do cancro não incluem recomendações em pessoas com doenças cardiometabólicas”, alerta a investigadora.

“Além disso, os profissionais de saúde devem dar especial atenção às pessoas com doenças cardiometabólicas preexistentes. As nossas descobertas sugerem que pode valer a pena desenvolver intervenções e tratamentos para direcionar os caminhos comuns envolvidos nestas doenças não transmissíveis.”

Fatores associados ao estilo de vida, como dieta, ingestão de álcool, exercício e peso corporal são conhecidos por estarem associados ao aparecimento de cancro e doenças cardiometabólicas. Níveis elevados de açúcar no sangue, que estão envolvidos no diabetes, demonstraram aumentar a sinalização celular pelo fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), o que pode levar a cancros mais avançados e diminuição da sobrevida.

Mas há outros mecanismos biológicos que o cancro e as doenças cardiometabólicas partilham, que incluem inflamação causada pela obesidade, que pode danificar o ADN e as células, e o mau funcionamento da atividade hormonal sexual.

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