Scroll Top

Conhecer o risco genético de cancro mama reduz stress nas mulheres

risco genético

Ninguém gosta de receber más notícias, sobretudo quando se trata da saúde. Mas um estudo recente, realizado junto de mulheres em risco de desenvolver cancro da mama, sugere que conhecer o perfil de risco genético associado a esta doença não provoca uma angústia a longo prazo e leva mesmo a menos arrependimentos no futuro.

A investigação, liderada pela UNSW Sydney, analisou a forma como a comunicação do risco genético de cancro da mama afeta mulheres que se submeteram a testes genéticos.

Tatiane Yanes, principal autora do trabalho, explica que o estudo olhou para as mulheres que se submeteram a testes genéticos para determinar o seu nível de risco poligénico, uma análise de 62 variantes genéticas, além dos dois indicadores associados ao cancro da mama encontrados nos genes BRCA1 e BRCA2.

“Este é um novo tipo de teste de risco genético e informação que não fomos capazes de oferecer antes porque estivemos focando apenas em genes únicos”, refere a especialista.

“A grande maioria das mulheres que fazem o rastreio aos genes BRCA tem resultado negativo, mas isso nem sempre significa que não há risco de cancro da mama. Este teste, o PRS, analisa de forma muito mais ampla as variantes no seu ADN.”

Uma variante genética é uma pequena alteração nas moléculas básicas que compõem o ADN, o que, isolado, não significa necessariamente um risco maior. Porém, quanto mais variantes forem encontradas no ADN, maior será o risco.

“Esta é a primeira vez que olhamos para a forma como as mulheres que recebem estas informações reagem: causa mais ou reduz os níveis de stress, e pode trazer comportamentos positivos nas mulheres que já foram diagnosticadas ou têm história familiar de cancro da mama?”, refere a especialista, que liderou o estudo com 208 participantes, 165  (80%) das quais que concordaram em conhecer o seu risco (43 recusaram ser informadas).

De entre as mulheres que concordaram conhecer o seu risco genético (apelidadas de “recetoras”), 104 tiveram uma pontuação de alto risco, enquanto as 61 restantes foram avaliadas como de baixo risco.

Sem surpresa, o estudo verificou que as mulheres com níveis mais altos sentiram um pouco mais de angústia e ansiedade ao receber o resultado, quando comparando com que aquelas com níveis baixo, “mas apesar disso, a diferença não era suficiente para justificar apoio psicológico adicional”, refere Yanes .

Mas, surpreendentemente, quando os investigadores compararam os resultados psicológicos das mulheres que optaram por receber o resultado com aquelas que recusaram, as segundas revelaram arrependimento sobre a sua decisão original de não ter informação.

“Aquelas que receberam os resultados relataram um arrependimento basicamente mínimo. Na verdade, mais de metade delas teve pontuação zero, o que significa ausência de arrependimento”, confirma a investigadora.

“Mas a pontuação média de arrependimento para aquelas que não quiseram saber foi cerca de 38 em 100, quando comparada a uma pontuação média de apenas 9 no grupo das ‘recetoras’.”

As mulheres que se recusaram a conhecer o risco justificaram-se com o estar “felizes com as suas vidas”, ou “já estarem cientes do risco de cancro da mama” e que o “teste não diria quando vão desenvolver a doença”. Outros motivos incluíram não poder comparecer à consulta pessoalmente e preocupação sobre como lidariam com isso emocionalmente.

Yanes considera que os resultados ajudarão os médicos e conselheiros genéticos a equipar as mulheres com as ferramentas necessárias para tomarem uma decisão informada.

“Queremos que os médicos sejam capazes de fornecer às mulheres informações claras”, refere. “O que não queremos é que as pessoas recusem informações por medo ou não sejam capazes de tomar uma decisão informada porque podem não compreender totalmente as informações ou as implicações para elas.”

Related Posts