Scroll Top

Olfato das formigas pode ser arma no diagnóstico do cancro

formigas

A deteção do cancro é um grande desafio de saúde pública, e os métodos atualmente disponíveis para o alcançar, como ressonâncias magnéticas e mamografias, são caros e invasivos, o que limita o seu uso em larga escala. Para contornar estas restrições, há métodos alternativos em estudo, como o uso do olfato dos animais. Os cães, famosos pela sua capacidade de ‘cheirar’ doenças, já não são aqui uma novidade, mas parece que têm concorrência à altura, em forma de formigas.

E se lhe dissessem que as formigas conseguem detetar a presença de cancro? Não, não é ficção, mas antes a conclusão de um estudo realizado por uma equipa de cientistas do Centro Nacional Francês de Investigação Científica (CNRS), da Université Sorbonne Paris Nord, Institut Curie e Inserm, que quis saber como uma espécie de formigas, a Formica fusca, se comportaria neste campo. E, após alguns minutos de treino, estes insetos, que usam o olfato para tarefas diárias, foram capazes de distinguir entre células humanas saudáveis ​​e células humanas cancerígenas.

Ao analisar os compostos emitidos por várias células, os cientistas mostraram que cada linhagem de células tinha o seu próprio cheiro, que poderia ser detetado pelas formigas.

A eficácia deste método deve agora ser avaliada através de ensaios clínicos em seres humanos, mas este primeiro estudo mostra que as formigas têm um grande potencial e são capazes de aprender muito rapidamente, com menor custo, sendo ainda eficientes. 

O que é que as formigas têm

As células cancerígenas possuem características específicas e o seu metabolismo produz compostos orgânicos voláteis que podem atuar como biomarcadores para o diagnóstico de cancro usando, por exemplo, sistemas olfativos artificiais. Sistemas que, no entanto, estão ainda numa fase muito embrionária.

É aqui que entra o olfato animal. É que milhões de anos de evolução moldaram os sistemas olfativos afinados dos animais, que detetam pequenas concentrações de odor e têm o poder de discriminar entre misturas olfativas complexas.

Já se confirmou que o nariz dos cães é adequado para diagnóstico médico, mas treinar cães em paradigmas de aprendizagem associativa é caro e demorado. Só a fase de condicionamento demora vários meses e centenas de testes são necessários antes de o cão entrar em ação.

Comparando com os cães, os insetos podem ser facilmente criados em condições controladas, são baratos, têm um sistema olfativo muito bem desenvolvido e centenas de indivíduos podem ser condicionados de forma rápida.

Já tinha sido demonstrado que as formigas operárias individuais desta espécie, de Formica fusca, aprendem rapidamente a associar um estímulo olfativo a uma recompensa alimentar e retêm essa informação por um longo período de tempo.

Agora, formigas individuais foram treinadas para associar o odor de uma amostra de célula com recompensa alimentar e, posteriormente, tiveram que distinguir essa amostra aprendida de uma nova. E conseguiram-no, pelo que os especialistas defendem que as formigas representam uma ferramenta de deteção rápida, eficiente, barata para a deteção de células cancerígenas. Um potencial que pode vir a ser aplicado noutras tarefas, como a deteção de narcóticos, explosivos, alimentos estragados ou outras doenças (malária, infeções, diabetes, por exemplo).

Posts relacionados