Se está à procura de razões para fazer exercício e as que a ciência já confirmou ainda não são suficientes para o convencer, talvez esta consiga: um novo estudo revela que a prática regular de exercício de fortalecimento muscular, associado a atividade aeróbica, pode reduzir a mortalidade por cancro. Treinos com agachamentos, pranchas, musculação e por aí fora podem reduzir a probabilidade de morte por cancro em 14%. Mas quando estes exercícios são combinados com atividades aeróbicas, o benefício é ainda maior, podendo reduzir a mortalidade em 28%.
“A atividade física tem sido associada a uma redução do risco de vários tipos de cancro, mas não estava claro que tipo de exercícios tinham os melhores resultados”, refere Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, no Brasil.
“No nosso estudo, encontramos evidências de que o treino de força muscular pode não apenas reduzir a incidência e mortalidade por cancro, mas também ter um efeito ainda melhor quando associado a atividades aeróbicas, como caminhada, corrida, natação e ciclismo.”
Vários estudos já mostraram que a atividade física em geral reduz o risco de cancro da mama, endométrio, estômago, garganta, rim e bexiga. Este novo trabalho, publicada na revista International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, mostra que exercícios de fortalecimento muscular podem reduzir o risco de cancro renal em 26%.
E mais, confirma as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação ao exercício aeróbio regular para adultos: 150-300 minutos por semana se moderadamente intenso, 75-150 minutos de exercício vigoroso ou uma combinação equivalente. A OMS também recomenda exercício de fortalecimento duas vezes por semana.
“As recomendações da OMS são baseadas numa série de benefícios para a saúde decorrentes da atividade física, e a nossa revisão da literatura mostrou que um risco reduzido de morrer por cancro é outro benefício”, refere Rezende.
O impacto do exercício
Os investigadores analisaram 12 estudos, com a participação de um total de 1.297.620 pessoas, acompanhadas ao longo de seis e 25 anos. A análise sugeriu que o treino de força duas vezes por semana pode proteger contra o cancro.
A maioria dos estudos sobre exercício e prevenção do cancro concentra-se em atividades aeróbicas, observa Rezende, enquanto o fortalecimento muscular costuma fazer parte dos exercícios destinados a aumentar a massa muscular ou tratar problemas de saúde específicos, como hipertensão ou distúrbios cardiovasculares.
“Há quatro, conduzimos um estudo que associou o treino de força a um risco reduzido de cancro. Enquanto isso, outros estudos foram publicados e achamos que seria interessante fazer uma revisão sistemática dessa literatura para avaliar todas as evidências sobre essa relação”, explica.
“No entanto, fomos além para mostrar que os benefícios dos exercícios de fortalecimento muscular em termos de redução da incidência de cancro e mortalidade podem ser ampliados quando combinados com exercícios aeróbicos.”