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Maioria dos sobreviventes de cancro da cabeça e pescoço confirma impacto negativo do diagnóstico

cancro da cabeça e pescoço

O impacto do cancro da cabeça e pescoço na vida de quem tem de enfrentar este diagnóstico é enorme. A doença deixa marcas, que se fazem sentir a vários níveis: pessoal, profissional e emocional. É para elas que se alerta na 9ª Semana de Sensibilização para o Cancro da Cabeça e Pescoço – Make Sense Campaign, uma iniciativa internacional, liderada em Portugal pelo Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço (GECCP), e que este ano quis quantificar o impacto do diagnóstico e tratamento no bem-estar dos sobreviventes de 12 países, Portugal incluído. Por cá, 56% não têm dúvidas: o diagnóstico teve um impacto fortemente negativo no seu bem-estar emocional pós-tratamento.

Um impacto que se faz sentir também ao nível profissional e financeiro, de acordo com uma quase maioria (41%) dos portugueses que responderam.

Mas as dificuldades que enfrentam os sobreviventes desta doença, que é o 6º tipo de cancro mais comum na Europa, não se fica por aqui: quase sete em cada dez sobreviventes (68%) não têm acesso fácil a enfermeiros e assistentes sociais especializados para apoio ao seu bem-estar emocional no pós-tratamento, ainda que 96% o considerassem útil.

Adicionalmente, de acordo com 56% dos inquiridos portugueses, a pandemia COVID-19 teve um impacto fortemente negativo na capacidade de aceder a serviços de apoio emocional pós-tratamento.

Mais apoios, pedem sobreviventes do cancro da cabeça e pescoço

A nível global, o inquérito revela que os sobreviventes da Bélgica, Chipre, França, Grécia, Irlanda, Itália, Israel, Holanda, Polónia, Portugal, Turquia e Reino Unido sentiram medo de recorrências (51%), ansiedade (49%), depressão (28%), raiva (27%) e solidão (29%). E que os sintomas físicos foram relatados como tendo o maior impacto no bem-estar, com os inquiridos a referir que o seu diagnóstico impactou negativamente a fala (48%), a aparência física (43%), o comer/beber (41%) e os níveis de energia (40%).

Os dados confirmam ainda a necessidade de melhorar o acesso a um conjunto de serviços de suporte para sobreviventes em toda a Europa, tendo em conta a falta ou dificuldade no acesso a recursos que estes consideram úteis (como materiais de leitura, ferramentas digitais e suporte de grupo).

Apesar da gravidade do cancro da cabeça e pescoço e da crescente prevalência na sociedade, há pouca sensibilização para a doença e, de acordo com os dados disponíveis, 60% das pessoas apresentam doença localmente avançada no momento do diagnóstico. Isto apesar de para quem tem um diagnóstico precoce a taxa de sobrevivência chegar aos 80 a 90%.

“É de salientar que os sobreviventes portugueses aderiram fortemente à campanha, pelo grande número de respostas ao inquérito, as quais permitiram que víssemos que as necessidades são semelhantes às  dos sobreviventes dos outros países, e que são muitas”, confirma Ana Joaquim, médica e presidente do GECCP.

“É preciso sensibilizar a população e os profissionais de saúde para esta realidade, porque é um facto que a maioria dos casos de cancro da cabeça e pescoço ainda são diagnosticados em fase avançada. E é por isso que se realiza, todos os anos, a campanha Make Sense.”

Não só o diagnóstico precoce salva vidas, como proporciona “menos consequências danosas da doença e do tratamento para os sobreviventes e ainda uma redução franca da probabilidade de recorrência da doença nos anos seguintes”, refere a especialista.

Campanha põe doentes a desfilar

A 9ª Semana de Sensibilização para o Cancro da Cabeça e Pescoço – Make Sense Campaign conta com várias iniciativas, entre as quais a Make Sense, um desfile de moda com sobreviventes que terá como palco o programa da TVI ‘Dois às Dez’, vestidos com as criações de Beatriz Pedroso e com um lenço criado em exclusivo pela estilista para esta ação.

E porque é de informação e formação que também aqui se fala, a Make Sense vai às escolas realizar um seminário misto (presencial e virtual), em parceria com o GECCP e o ONCOMOVE, um programa de Associação de Investigação de Cuidados de Suporte em Oncologia, destinado aos docentes, investigadores e alunos do Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano, que terá como tema a integração do exercício físico na reabilitação dos sobreviventes do cancro da cabeça e pescoço.

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