
Uma solução inovadora permite mudar a forma como o diagnóstico de doenças cancerígenas, ao nível da anatomia patológica de amostras histológicas, é atualmente realizado. Com o projeto CADPath.AI, o processo de diagnóstico poderá passar a ser, a partir de 2022, totalmente digital, introduzindo os algoritmos como complemento ao trabalho dos anatomopatologistas na identificação de anomalias.
Na especialidade médica de Anatomia Patológica, a doença oncológica e o seu diagnóstico são, cada vez mais, uma preocupação central. Sabendo-se que o diagnóstico atempado e rigoroso é um instrumento essencial para o combate ao cancro, os anatomopatologistas vão passar a dispor, a partir de 2022, de uma importante ferramenta baseada em inteligência artificial.
A tecnologia está a ser desenvolvida pelo consórcio do projeto CADPath.AI – Computer Aided Diagnosis in Pathology, numa parceria tecnológica com o INESC TEC e com a empresa Leica Biosystems, que conta com um financiamento de cerca de 70% através do programa COMPETE2020 num investimento total de um milhão de euros.
A elevada complexidade que a realização do diagnóstico oncológico apresenta recomenda, muitas vezes, a necessidade de se obter uma segunda opinião. É aqui que a tecnologia se torna num aliado imprescindível dos médicos, tendo-se assistido nos últimos anos à proliferação de scanners para digitalização de lâminas histológicas, um novo instrumento ao serviço da chamada patologia digital.
Reduzir o tempo do diagnóstico
Além de possibilitar a realização de um diagnóstico em rede, auxiliada por outras ferramentas tecnológicas, a patologia digital vai permitir diminuir o tempo que o patologista ‘perde’ na observação microscópica.
“Tarefas como, por exemplo, a identificação das células tumorais, a contagem de células mitóticas, ou a identificação de crescimento invasivo, assim como a sua medição, podem agora ser realizados através da utilização da inteligência artificial”, explica Jaime Cardoso, investigador do INESC TEC e professor da FEUP.
Com a possibilidade de digitalização das lâminas histológicas, surgiu um grande interesse científico no desenvolvimento de algoritmos de análise de imagem, que possam complementar e tornar mais eficiente a função dos médicos patologistas, em particular no diagnóstico dos cancros colorretal e cervical.
“Continuamos focados na melhoria contínua do diagnóstico, mas pretendemos ir mais longe e disponibilizar ao mercado uma ferramenta de diagnóstico automático de patologias oncológicas; uma base de dados, contemplando as lâminas digitalizadas e respetivas anotações, história clínica e diagnóstico; e uma plataforma para geração de conhecimento científico”, refere Ana Monteiro, gestora de projetos no IMP Diagnostics.