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Falta de sono pode aumentar risco de doenças cardiovasculares

falta de sono

Não é preciso muito, confirmam os investigadores: algumas noites com falta de sono são suficientes para promover mecanismos moleculares associados a um maior risco de problemas cardíacos. E isto mesmo foi demonstrado num novo estudo em que se investigou como esta falta de sono afeta biomarcadores (neste caso, proteínas) associados a doenças cardiovasculares.

“Quisemos tentar identificar mecanismos que influenciam a forma como a falta de sono pode aumentar o risco de doença cardiovascular. Em última análise, o objetivo era identificar oportunidades para abordar estes problemas”, afirma Jonathan Cedernaes, médico e docente da Universidade de Uppsala, que liderou o estudo.

A falta crónica de sono é um problema crescente de saúde pública e, em grandes estudos populacionais, tem sido associada a um risco aumentado de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e fibrilhação auricular, o que não é surpreendente, já que a saúde do coração é influenciada por vários fatores de estilo de vida, incluindo o sono, a dieta e o exercício.

Estudo com foco nos mais jovens

Para este trabalho, os autores estudaram 16 homens jovens saudáveis ​​com peso normal, todos com hábitos de sono saudáveis, que passaram algum tempo num laboratório do sono, onde as suas refeições e níveis de atividade foram rigorosamente controlados em duas sessões.

Numa sessão, os participantes dormiram uma quantidade normal de sono durante três noites consecutivas, enquanto na outra dormiram apenas cerca de quatro horas por noite. Em ambas foram colhidas amostras de sangue de manhã e à noite, após exercícios de alta intensidade com a duração de 30 minutos.

Os investigadores mediram os níveis de cerca de 90 proteínas nesse sangue e conseguiram observar que os níveis de muitas delas, que estão associadas ao aumento da inflamação, subiram quando os participantes foram privados de sono. Muitas destas proteínas já foram associadas a um risco aumentado de doenças cardiovasculares, como a insuficiência cardíaca e a doença arterial coronária.

“Muitos dos estudos mais vastos realizados sobre a relação entre a privação de sono e o risco de doença cardiovascular têm-se concentrado geralmente em indivíduos um pouco mais velhos, que já apresentam um risco acrescido para tais doenças. Por este motivo, foi interessante observar que os níveis destas proteínas aumentaram da mesma forma em indivíduos mais jovens e previamente saudáveis ​​após apenas algumas noites de privação de sono. Isto significa que é importante enfatizar a importância do sono para a saúde cardiovascular, mesmo nos primeiros anos de vida”, afirma Jonathan Cedernaes.

Efeitos do exercício afetados pela falta de sono

O exercício físico gerou uma resposta ligeiramente diferente após a falta de sono. No entanto, uma série de proteínas-chave aumentaram igualmente, independentemente de a pessoa estar privada de sono ou não. Desta forma, as proteínas que podem ser associadas aos efeitos positivos do exercício aumentaram, mesmo que a pessoa tenha dormido pouco.

Os investigadores já tinham demonstrado que o exercício na presença de privação de sono pode resultar num ligeiro aumento da carga nas células musculares do coração.

“Com este estudo, melhorámos a nossa compreensão sobre o papel da quantidade de sono na saúde cardiovascular. É importante salientar que os estudos também demonstraram que o exercício físico pode compensar pelo menos alguns dos efeitos negativos que a má qualidade do sono pode causar. Mas também é importante notar que o exercício não pode substituir as funções essenciais do sono”, afirma Jonathan Cedernaes.

“São necessárias mais pesquisas para investigar como estes efeitos podem diferir nas mulheres, nos idosos, nos doentes com doenças cardíacas ou naqueles com padrões de sono diferentes. Esperamos que a nossa investigação ajude a desenvolver diretrizes mais precisas sobre como o sono, a prática de exercício e outros fatores do estilo de vida podem ser aproveitados para prevenir doenças cardiovasculares”, conclui Jonathan Cedernaes.

 

Crédito imagem: Pexels

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