Deitar cedo e cedo erguer, promete o ditado popular, dá saúde e faz crescer. Parte deste ditado está correto, confirma um novo estudo, que revela que as pessoas que vão para a cama cedo têm uma maior probabilidade de ter uma melhor saúde e de serem fisicamente mais ativas em comparação com as noctívagas. Sobretudo se forem diabéticos.
Realizado por especialistas da University of Leicester e pela University of South Australia, o estudo avaliou as preferências pelas hora de dormir (cronótipos do sono) de pessoas com diabetes tipo 2, identificando uma associação entre a hora de deitar e os estilos de vida ativos e saudáveis.
E verificou que pessoas que se deitavam tarde e acordavam tarde, os “cronótipos noturnos”, têm um estilo de vida excessivamente sedentário, caracterizado por baixos níveis e uma intensidade reduzida de atividade física – e que isso está a colocar a sua saúde em maior risco.
A diabetes tipo 2 é em grande parte o resultado do excesso de peso corporal e inatividade física. Globalmente, 463 milhões de pessoas – ou um em cada 11 adultos – têm diabetes, estatística que deve aumentar para 700 milhões até 2040.
De forma preocupante, 1,9 mil milhões de adultos apresentam excesso de peso, sendo 650 milhões destes obesos.
Como a prevalência global da diabetes tipo 2 e obesidade a aumentar, é fundamental encontrar formas de contrariar estes problemas de saúde.
Joseph Henson, especialista da Universidade de Leicester e investigador principal deste estudo, considera que compreender a forma como as preferências de horário de sono das pessoas podem afetar o seu nível de atividade física pode ajudar os diabéticos tipo 2 a melhor gerir a sua saúde.
“Há uma necessidade enorme de intervenções em grande escala para ajudar as pessoas com diabetes a iniciar, manter e alcançar os benefícios de um estilo de vida ativo”, refere Henson.
“Para as pessoas que preferem ir para a cama e acordar mais tarde, isso é ainda mais importante, com a nossa investigação a revelar que os noctívagos praticam menos 56% de exercício do que os madrugadores.”
Ainda de acordo com o especialista, “o exercício físico desempenha um papel importante para as pessoas com diabetes, ajudando a manter um peso e pressão arterial saudáveis, além de reduzir o risco de doenças cardíacas – todos fatores importantes para melhorar o controlo do diabetes. Isso torna extremamente importante a compreensão dos fatores que podem mitigar a propensão de uma pessoa para a prática de exercício”.
Hora de dormir impacta vida de diabéticos
Publicado na revista BMJ Open Diabetes Research & Care, o estudo avaliou 635 pessoas com diabetes tipo 2, que usavam, para o efeito, um dispositivo para registar, ao longo de sete dias, a intensidade e o tempo de diferentes comportamentos físicos: sono, descanso, atividade física geral.
O estudo verificou que 25% dos participantes apresentavam cronótipos matinais (preferiam ir para a cama e acordar cedo, indo, em média, para a cama às 22h52); 23% tinham cronótipos noturnos (iam para a cama tarde e acordavam tarde também – em média, deitavam-se às 00h36); e 52% disseram não preferir nem uma coisa nem outra.
Alex Rowlands, da UniSA, defende que o estudo fornece uma visão única sobre o comportamento das pessoas com diabetes tipo 2.
“A associação entre o sono tardio e a atividade física é clara: vá para a cama tarde e terá menos probabilidade de ser ativo”, garante.
“Como os cronótipos do sono são potencialmente modificáveis, estas descobertas proporcionam uma oportunidade para mudar os estilos de vida para melhor, simplesmente ajustando a hora de dormir. Para uma pessoa com diabetes, esta é uma informação valiosa que pode ajudar a voltar ao caminho da boa saúde.”