
A amamentação pode melhorar o número de células produtoras de insulina no pâncreas e aumentar a sensibilidade à insulina nas mães, ajudando a protegê-las contra a diabetes tipo 2, sugere um estudo realizado em ratos e apresentado na ENDO 2023, a reunião anual da Sociedade Americana de Endocrinologia.
Muitos estudos anteriores realizados com mulheres mostraram que a amamentação prolongada reduz o risco subsequente de diabetes tipo 2 ao longo da vida da mãe, mas a razão para tal era desconhecida, avança a investigadora principal deste trabalho Julie Hens, especialista da Universidade de Yale, EUA.
Os investigadores conceberam o estudo para comparar os efeitos metabólicos da amamentação com os da não amamentação e para estudar as alterações do metabolismo resultantes da lactação.
Estudaram ratinhos que engravidaram e deram à luz os seus filhotes e dividiram-nos em dois grupos: aqueles que amamentaram e aqueles cujos filhotes foram retirados imediatamente após o nascimento. Os ratos do grupo que amamentou foram depois estudados um mês após o desmame das crias e comparados com ratos da mesma idade que tinham dado à luz mas não tinham amamentado.
O estudo concluiu que os ratos que não amamentaram e os que amamentaram tinham pesos corporais semelhantes. No entanto, os que não amamentaram tinham um aumento específico de um tipo de gordura metabolicamente ativa que é bem conhecida por aumentar o risco de desenvolver diabetes.
E tinham também menos células produtoras de insulina no pâncreas, o que significa que o organismo tem menos reservas de produção de insulina, podendo contribuir para um maior risco de desenvolver diabetes.
“Parte-se frequentemente do princípio de que a amamentação conduz a um menor risco de diabetes porque está associada à perda de peso, que melhora o metabolismo. No entanto, estudos realizados em mulheres mostraram que este efeito protetor é independente da perda de peso. O nosso estudo em ratos também corrobora estes resultados e sugere que o efeito protetor da amamentação pode estar relacionado com os efeitos de aumentar as reservas de células produtoras de insulina e de diminuir a resistência de todo o organismo aos efeitos da insulina”, afirma Hens.