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Cancro do pulmão de pequenas células: desafios no tratamento de um tumor agressivo

cancro do pulmão de pequenas células

O cancro do pulmão de pequenas células é um tipo altamente agressivo e muitas vezes negligenciado, explica Marta Soares, médica Oncologista e Coordenadora da Clínica de Patologia Pulmonar e Torácica do IPO Porto. De tal forma que “da totalidade dos doentes, apenas um terço tem doença localizada na altura do diagnóstico, sendo possível um tratamento curativo”. O que mostra a natureza agressiva deste tumor que se multiplica muito rapidamente e metastiza precocemente para outras partes do corpo. Apesar dos desafios, nos últimos anos, surgiu um novo paradigma para estes doentes, graças ao aumento da investigação sobre este tipo de cancro ainda desconhecido.

Intimamente associado ao consumo de tabaco, sendo que 95% dos doentes são ou já foram fumadores, segundo um estudo nacional em hospitais de Norte a Sul do país efetuado para a PharmaMar, o cancro do pulmão de pequenas células tem como sintomas tosse persistente, dor no peito, falta de ar, tosse com sangue, fadiga e perda de peso sem causa conhecida,  sintomas que, de início, podem ser ligeiros ou confundidos com problemas respiratórios comuns, como asma ou DPOC, o que leva a um diagnóstico tardio. “Os sintomas iniciais, como tosse ou cansaço, são muitas vezes desvalorizados pelos próprios doentes, especialmente fumadores, que já estão habituados a estes sinais. Por isso, o tumor é com frequência detetado num estado avançado, com doença metastizada”, salienta Marta Soares.

As abordagens terapêuticas para o cancro do pulmão de pequenas células, especialmente no estádio extenso, são muito escassas, com progressões muito precoces. O mesmo estudo demonstra que em cada 10 novos diagnósticos, sete apresentam doença extensa, e que, para quase 20% das pessoas com doença extensa, o mercado não oferece uma opção de tratamento “válida” ou suficiente, impedindo-as de sequer iniciar uma primeira linha de tratamento. E embora o tumor classicamente responda bem ao primeiro tratamento (quimioterapia e radioterapia), rapidamente reaparece.

“A elevada proporção de pacientes com cancro do pulmão de pequenas células que não conseguem receber linhas de tratamento subsequentes destaca a importância de desenvolver estratégias de tratamento eficazes no contexto de primeira linha para melhorar o prognóstico dos pacientes com esta doença agressiva e difícil de tratar”, refere a especialista. Porém, apesar dos desafios, nos últimos anos, surgiram avanços significativos: “este ano foram também apresentados dados de novas estratégias que demonstraram uma redução do risco de progressão da doença ou morte, traduzindo-se num benefício de sobrevivência”, acrescenta.

Do ponto de vista dos doentes, estes avanços são recebidos com esperança. A presidente da Associação PULMONALE, Isabel Magalhães, afirma que “as alternativas de tratamento para o cancro do pulmão de pequenas células têm sido historicamente limitadas comparativamente a outros tipos de cancro do pulmão. Qualquer evolução terapêutica que possibilite mais qualidade de vida aos doentes é de extrema importância”.

Reforça ainda que “a sensibilização é crucial, não só porque o cancro do pulmão de pequenas células é um dos cancros com maior taxa de mortalidade, mas também porque se trata de uma doença em grande parte evitável. A prevenção primária e a capacidade de reconhecer os sintomas devem ser tranversais a todos os tipos de cancro do pulmão”.

Crédito imagem: iStock

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