
É o tumor maligno mais frequente nas mulheres, afetando 1,5 milhões todos os anos. Não é por isso de estranhar que se multipliquem as aplicações que têm como tema o cancro da mama. Mas terá esta quantidade o equivalente de qualidade? São as ‘apps’ sobre esta doença fiáveis ou nem por isso?
Esta foi a questão a que um grupo de investigadores espanhóis quis dar resposta, publicada em forma de estudo na revista International Journal of Medical Informatics, que resultou de uma análise de 599 aplicações disponíveis nas lojas dos sistemas iOS e Android.
Revela o trabalho que a maioria das ‘apps’, ou seja, 471 (78,6%), é gratuita, sendo o tipo mais comum as que oferecem informação sobre a doença e os seus tratamentos (29,2%), a gestão do cancro da mama (19,03%) e a sensibilização para esta temática (15%), sendo a maioria destinada a doentes (75,7%).
Até aqui tudo bem. No entanto, ainda de acordo com a mesma fonte, apenas um quarto de todas aplicações (24,5%) apresentava aviso sobre a sua utilização e menos de um quinto (19,7%) indicava as referências ou a origem do material apresentado, ou seja, a fonte de onde foi retirada a informação apresentada, o que torna difícil a validação da mesma.
A estas questões junta-se talvez a mais importante, a ausência de uma base de evidência, alertam os especialistas, que chamam também a atenção para a necessidade de um maior envolvimento por parte do pessoal médico especializado na criação deste tipo de ‘apps’.
Especialistas deixam alerta sobre ‘apps’
Em declarações à Agência Sinc, Guido Giunti, um dos autores do estudo, dá conta da existência de “diferentes níveis de desinformação nestas aplicações de saúde, desde material duvidoso, que inclui dados sobre a doença sem uma fonte, até indicações perigosas, como jejum prolongado ou sessões de auto-hipnose para neutralizar o cancro”.
Reforça, por isso, a necessidade de uma maior exigência subjacente à criação e desenvolvimento deste tipo de ‘apps’ de saúde.