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Alta dos hospitais na época natalícia associada a mais mortes e readmissões

alta no Natal com piores resultados

O hospital é sempre sinónimo de doença, ainda que seja também, num segundo tempo, de saúde. É, por isso, desejo de quem vai ao hospital passar lá o menor tempo possível. No entanto, ter alta hospitalar na época natalícia surge agora como um novo fator de risco de mortalidade, readmissão ou visita às urgências.

A garantia é dada por um estudo canadiano, que assegura que essa alta significa também uma probabilidade reduzida de um seguimento do doente.

“Em vez de apressarem a alta dos doentes, os médicos do hospital devem prestar atenção ao planeamento da mesma para este grupo vulnerável, garantindo a educação ideal do doente, a revisão de medicamentos e o acompanhamento”, referem Lauren Lapointe-Shaw, médico no Toronto General Hospital, e os seus colegas.

“Os doentes com alta, ao contrário dos presentes não desejados, não devem ser devolvidos após as férias.”

Consultas de seguimento mais difíceis

No trabalho, publicado online na revista BMJ, os especialistas identificaram doentes de cerca de 200 hospitais com cuidados de agudos de Toronto, Canadá, enviados para casa entre 1 de abril de 2002 e 31 de janeiro de 2016.

Os resultados de crianças e adultos com alta após admissão urgente durante as duas semanas à volta do Natal foram comparados com aqueles de doentes enviados para casa ​​durante dois períodos de controlo: no fim de novembro e janeiro.

Foram excluídos doentes de alto risco, como recém-nascidos e doentes internadas para parto ou cuidados paliativos, e aqueles com internamento hospitalar superior a 100 dias.

Os 217.305 (32,4%) doentes com alta durante o período das festas de Natal e os 453.641 (67,6%) com autorização de ida para casa ​​durante os períodos de controlo tiveram características de base semelhantes.

O mais preocupante foi verificar, segundo os autores, uma probabilidade consideravelmente reduzida de consultas médicas pós-alta.

Ao todo, 36,3% dos doentes com alta perto do dia 25 de dezembro tiveram acompanhamento médico, valor inferior ao verificado nos outros momentos (47,8%).

Uma discrepância que não é possível justificar nem com as características dos doentes ou com as diferenças do hospital. Pode, isso si, estar associada a níveis reduzidos de pessoal durante o feriado.

Mais mortes e novos internamentos

No que diz respeito ao número de mortes, os autores também encontraram diferenças, traduzidas num excesso de 26 mortes por 100.000 doentes, para além de 188 reinternamentos hospitalares a mais e 483 visitas excessivas às urgências atribuíveis à alta durante o Natal.

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