Apesar de ser uma doença rara, a síndrome do intestino curto ou falência intestinal crónica é altamente complexa, debilitante e acarreta risco de vida. Em Portugal, é o desconhecimento sobre a existência de tratamento e a falta de referenciação para equipas especializadas que justifica uma elevada taxa de mortalidade, para a qual se alerta neste Mês de Sensibilização para a Síndrome do Intestino Curto.
O facto de o intestino ser curto torna os doentes incapazes de absorver nutrientes e líquidos suficientes, forçando-os a uma dependência do tratamento, que é feito através de um suporte parentérico, ou seja, do fornecimento de nutrientes e fluidos diretamente para a corrente sanguínea através de uma veia, de forma a contornar a falta do processo normal de digestão e absorção dos alimentos.
Habitualmente associada a uma doença que obriga a que grande parte do intestino seja removida cirurgicamente, nos adultos, as causas mais frequentes desta doença são a presença de coágulos sanguíneos no intestino, cancro e a Doença de Crohn, havendo ainda situações em que surge à nascença, resultado de uma malformação congénita ou de lesões intestinais nos recém-nascidos.
Em Portugal, a doença destaca-se pela sua elevada taxa de mortalidade entre os adultos, sobretudo devido ao desconhecimento do tratamento e a uma falta de referenciação para médicos e equipas de centros de referência, com conhecimento e experiência.
“Com as terapêuticas atuais, não faz sentido existir uma taxa de mortalidade tão alta nos doentes com síndrome do intestino curto”, afirma Jorge Fonseca, diretor do Serviço de Gastroenterologia do Hospital Garcia de Orta e responsável pelo Centro de Nutrição Artificial. “Para reverter esta situação, é importante apoiar as equipas multidisciplinares que estão a trabalhar com estes doentes e referenciar os doentes sempre para estas equipas, de forma a terem um tratamento adequado. As nossas equipas multidisciplinares estão prontas para receber estes doentes.”