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Cancro do pulmão associado ao tabaco não ‘assusta’ os jovens

jovens a fumar

Um dos principais problemas no combate ao tabagismo na população jovem está no espaço temporal entre o momento em que se começa a fumar e o surgimento de doenças graves, como o cancro do pulmão. É que, explica a  Presidente da Pulmonale, “os jovens consideram que o tabaco não os vai afetar num horizonte temporal alargado”.

São inúmeras as campanhas anti-tabágicas que alertam a população para esta problemática. Contudo, “há um longo caminho a percorrer para que as mesmas se traduzam de facto em ganhos para a sociedade, sendo necessário um modelo de implementação onde os resultados possam ser mensuráveis”, acrescenta Isabel Maria Magalhães.

Ainda assim, é nítido para Isabel Maria Magalhães que os portugueses têm vindo, progressivamente, a conhecer os malefícios do tabaco ‘tradicional’ e da exposição ao fumo passivo, mas no que respeita às novas formas de tabagismo, como o cigarro eletrónico e o cigarro aquecido, a informação é ainda pouco esclarecedora e percebida.  

Tabaco e cancro, uma ligação perigosa

O tabaco está associado ao aparecimento de inúmeras doenças, entre as quais o cancro do pulmão. Com a incidência no nosso país a aumentar, registam-se cerca de 4.200 novos casos por ano, sendo entre nas mulheres que a incidência mais tem crescido.

António Araújo, oncologista, refere a existência de “uma relação direta entre o consumo de tabaco (número de anos que se fuma e de cigarros fumados) e o aparecimento de cancro”, alertando também para o risco da exposição ao fumo passivo: “estar exposto permanentemente ao fumo passivo vai aumentar diretamente o risco de desenvolver doença”.

Os dados estatísticos relativos à mortalidade por cancro do pulmão em Portugal não são claros, uma vez que a mesma é contabilizada em grupo com os tumores da laringe, traqueia e brônquios. Ainda assim, segundo as Estatísticas de Saúde de 2016 do Instituto Nacional de Estatísticas, este conjunto é, entre os tumores malignos, o mais mortífero.

Novidades no tratamento do cancro do pulmão

No tratamento do cancro do pulmão começam a ser utilizados, em detrimento da quimioterapia, medicamentos dirigidos a alterações genéticas específicas dos tumores, com taxas de resposta superiores a 70% e com boa qualidade de vida. “No fundo, estes medicamentos vieram trazer ao binómio quantidade/qualidade de vida dos nossos doentes um incremento muito significativo”, explica António Araújo.

É o que acontece com a imunoterapia, que consiste na modelação do sistema imunológico do doente para que seja este a controlar o cancro, uma terapêutica cada vez mais utilizada. “Em vez de tratarmos diretamente o cancro, estimulamos o sistema imunológico do doente para que este lute contra a doença, tratando-se assim de uma mudança no paradigma do tratamento”, refere o especialista.

E acrescenta que, embora apenas 30 a 35% dos doentes respondam positivamente a este tratamento, os que o fazem beneficiam de um aumento na sobrevivência que pode ultrapassar os 4 anos e com uma grande qualidade de vida.

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