As mulheres com um tipo de cancro do ovário conhecido como tumores de células germinativas têm um pior prognóstico do que os homens com tumores semelhantes, ou seja, cancro dos testículos. Após cinco anos com a doença, 98% dos homens estavam vivos, enquanto a taxa de sobrevivência das mulheres era de 85%. Este facto foi revelado por um novo estudo da Universidade de Uppsala e do Hospital Universitário de Uppsala, na Suécia, publicado no Journal of Internal Medicine.
“A nossa revisão mostra que é possível melhorar o prognóstico e minimizar os efeitos secundários a longo prazo nas mulheres com tumores de células germinativas do ovário, recorrendo a estratégias de tratamento utilizadas no cancro do testículo”, explica Camilla Sköld, médica especialista em cancro ginecológico e investigadora da Universidade de Uppsala e primeira autora do estudo.
Tanto o cancro do testículo denominado tumor de células germinativas, como o seu equivalente feminino, um tipo raro de cancro do ovário, afetam principalmente os doentes mais jovens, sendo o tipo mais comum de cancro do ovário nas mulheres com menos de 30 anos,.
“Biologicamente, ambos os tumores têm origem no mesmo tipo de células germinativas imaturas. Dado que o número de pessoas afetadas pelo cancro do testículo está a aumentar e que, por conseguinte, é necessária mais investigação nesta área, os investigadores quiseram ver se seria possível aplicar estes conhecimentos para melhorar o tratamento das mulheres com tumores de células germinativas nos ovários, que são muito mais raros”, afirma Ingrid Glimelius, professora da Universidade de Uppsala e autora principal do estudo.
Os investigadores compararam as diretrizes de tratamento e o prognóstico para mulheres e homens com tumores de células germinativas do ovário e do testículo. O estudo comparou a sobrevivência de 7.663 doentes diagnosticados com cancro testicular entre 1995 e 2022 com a sobrevivência de 293 mulheres diagnosticadas com tumores de células germinativas do ovário entre 1990 e 2018. A taxa de sobrevivência a cinco anos foi de 98,2% nos homens, em comparação com apenas 85,2% nas mulheres.
“Apresentamos uma panorâmica da epidemiologia, da biologia tumoral e das diretrizes clínicas para o cancro do testículo e, a partir daí, propomos medidas para melhorar a investigação e o tratamento dos doentes com tumores das células germinativas do ovário”, revela Sköld.
“Acreditamos que a concentração dos doentes com estes tumores raros num menor número de hospitais poderia melhorar a sobrevivência e reduzir o risco de efeitos secundários durante o tratamento. As diferenças nas taxas de sobrevivência podem também dever-se, em parte, a diferenças subjacentes na biologia do tumor entre os dois tipos de tumor, pelo que seria útil efetuar mais estudos comparativos deste aspeto”, conclui.
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