Sensibilizar e informar a população e profissionais de saúde de que os tratamentos contra a doença oncológica podem não impedir a concretização de um projeto de parentalidade é o objetivo da campanha “Preservação da Fertilidade em Doenças Oncológica”, que a Associação Portuguesa de Fertilidade acaba de lançar a nível nacional, no âmbito da Semana Europeia da Fertilidade que se assinala de 7 a 13 de novembro.
Após um diagnóstico de doença oncológica, a definição e o início do tratamento têm caráter prioritário. Há uma doença a combater, mas isso não deve implicar que se deixe para segundo plano outras informações a transmitir ao doente.
Entre os esclarecimentos a prestar estão os efeitos que um tratamento por radioterapia ou quimioterapia podem ter de imediato e de futuro. Um dos riscos possíveis é o impacto possível na fertilidade. É neste ponto que se foca a campanha “Preservação da Fertilidade em Doença Oncológica”, na qual é feita a distribuição de dois folhetos informativos, um destinado à população e outro aos profissionais de saúde, e a exibição de um vídeo com dois casos de pessoas que tiveram doença oncológica e que se depararam com a questão de preservar os seus gâmetas antes dos tratamentos.
As pessoas com doença oncológica em idade reprodutiva, e os pais de crianças com diagnóstico da doença, devem ser informados que uma das consequências dos tratamentos é o possível comprometimento do potencial reprodutivo, mas que existem formas de preservar a fertilidade e aumentar as expectativas de ter filhos após a doença. No caso da mulher, através da criopreservação de ovócitos e de tecido ovárico, e nos homens, da criopreservação de espermatozoides e de tecido testicular.
Cláudia Vieira, presidente da APFertilidade, considera que “não se questionam as prioridades quando existe um diagnóstico de doença oncológica”.
“O que queremos alertar é que, para além do combate à doença, e quando assim é possível, existem opções médicas que permitem aumentar as hipóteses de, após um tratamento oncológico, estas pessoas poderem ter filhos, se assim o pretenderem”, sublinha a responsável.
A campanha pretende informar e sensibilizar para a preservação da fertilidade quem recebe um diagnóstico de doença oncológica e quem o confirma e anuncia. “Se por um lado temos estas pessoas que recebem a indicação de que têm uma doença grave e que urge combatê-la, por outro temos profissionais de saúde que estão empenhados em ajudar os doentes não só a ultrapassá-la, mas a conseguirem ir mais além depois de um tratamento, perspetivando um futuro com filhos se um dia for esse o seu desejo”, reforça Cláudia Vieira.
Para esta campanha, a APFertilidade conta com o apoio institucional da Direção-Geral de Saúde e o apoio científico da Sociedade Portuguesa de Oncologia, da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução e do Centro de Preservação da Fertilidade do CHUC.