Um estudo realizado por especialistas do Instituto de Investigação Biomédica Bellvitge (IDIBELL) e do Instituto Catalão de Oncologia, em conjunto com a Universidade de Harvard, avaliou a associação entre o consumo de café e o risco de cancro do endométrio, o tumor ginecológico mais frequente nas mulheres em países desenvolvidos logo a seguir ao cancro da mama, cólon ou pulmão. E confirmou que tem um efeito protetor.
Uma descoberta que pode ter um grande impacto, já que o café é a bebida mais consumida depois da água e pode beneficiar a saúde pública global.
Para realizar este estudo, o maior até ao momento, foram combinados dados de mais de 40.000 mulheres, algumas com cancro do endométrio (cerca de 12.000) e as restantes livres da doença. Além disso, foram considerados alguns fatores de risco específicos para a doença, como obesidade, risco de diabetes, tabagismo, idade da menopausa, entre outros.
E verificou-se que as mulheres que bebiam café tinham um risco aproximadamente 10% inferior de cancro do endométrio. Além disso, esta diminuição foi ainda mais significativa nas mulheres com excesso de peso ou obesidade, o principal fator de risco para a doença, e em que o efeito benéfico do café e dos seus compostos é mais evidente.
Embora estudos anteriores já tivessem sugerido essa associação, esta nunca tinha sido explorada num grupo tão grande e considerando tantos fatores de risco. “Os mecanismos biológicos por detrás dessa associação são desconhecidos, mas achamos que certos componentes do café, como polifenóis ou outros antioxidantes, podem desempenhar um papel”, afirma Marta Crous-Bou, investigadora.
“Isso pode reduzir os níveis de estrogénio ou insulina, duas hormonas claramente envolvidas na origem do cancro do endométrio”, acrescenta.
“Estes resultados abrem a porta a ensaios clínicos com suplementos que contêm estes compostos e ensaios em grupos específicos de pessoas com maior risco de sofrer da doença para observar a sua evolução. Confirmar o efeito benéfico dos compostos do café pode ter um impacto importante na saúde pública, uma vez que é uma bebida amplamente consumida.”
