
A pele é uma janela para a saúde em geral, e o que acontece na pele costuma ser um indicador do que está a acontecer dentro do corpo. Mas sabia que as doenças de pele, cabelo e unhas podem ser sintomas de uma série de doenças, incluindo a diabetes? É por isso que Robert S. Kirsner, professor de Ciências da Saúde Pública da Escola de Medicina Miller da Universidade de Miami, nos EUA, partilha os sinais de alerta da diabetes que surgem na pele e dicas de cuidados para quem tem o diagnóstico da doença.
“Embora a diabetes possa afetar todas as partes do corpo, os problemas na pele podem ser o primeiro sinal de que uma pessoa tem diabetes”, confirma o especialista. Como? Através de manchas amarelas, avermelhadas ou castanhas na pele, que geralmente começam como pequenas saliências sólidas que parecem borbulhas e, eventualmente, transformam-se em manchas na pele inchadas e duras.
Podem também ser áreas mais escuras na pele, que parecem veludo na parte de trás do pescoço, axila, virilhas ou noutro lugar pode significar que há muita insulina no sangue, o que é frequentemente um sinal de pré-diabetes. Ou manchas escamosas amareladas nas pálpebras, à volta das quais se podem desenvolver quando são altos os níveis de gordura no sangue, podendo ainda ser um sinal de que a diabetes está mal controlada.
“Um sintoma de diabetes é a rigidez na parte superior das costas e na parte superior dos braços”, afirma Kirsner. “Geralmente posso dizer se um doente tem efeitos da diabetes a longo prazo quando o cumprimento, apertando a sua mão e tocando levemente nas suas costas.”
Proteger a pele da diabetes
Quando a diabetes afeta a pele, este pode ser um sinal de que os níveis de açúcar no sangue (glicose) estão muito altos. Na presença destes sinais de alerta, Kirsner recomenda que se fale com um dermatologista, que pode dizer se a causa do problema é dermatológica ou se é um sintoma de outra doença, como diabetes. Isso é sobretudo importante se tiver pré-diabetes ou história familiar da diabetes.
Se tem diabetes, monitorizar os seus níveis de glicose, seguir um plano de refeições, encontrar tempo para se exercitar e controlar o stress pode ser prioridade, mas Kirsner diz que os cuidados com a pele também desempenham um papel fundamental para ajudar a controlar a doença.
A rotina certa de cuidados com a pele pode impedir o desenvolvimento de uma doença grave, como uma infeção, feridas abertas ou feridas que não cicatrizam. Kirsner recomenda, por isso, as seguintes dicas de cuidados com a pele:
- Hidratar-se todos os dias. Manter a pele hidratada ajuda a torná-la flexível e evitar que rache, o que pode levar à infeção.
- Tratar os calcanhares secos e rachados, que pode evitar uma infeção grave, feridas que não cicatrizam e outros problemas.
- Usar um gel suave ao tomar banho. Sabonetes líquidos fortes podem irritar a pele já sensível, enquanto um mais suave ajuda a acalmar a pele e prevenir complicações.
- Tomar banho com água morna (não quente). A água quente pode retirar a humidade da pele, deixando-a seca, tensa e desconfortável.
- Secar as dobras da pele com cuidado, entre os dedos dos pés, axilas e outros locais. Se a água permanecer nessas áreas, pode aumentar o risco de infeção da pele.
- Obter cuidados médicos para calos nos pés. Um calo pode parecer nada, mas quando se tem diabetes, a pele grossa pode quebrar e abrir. Rachas profundas podem desenvolver-se levar a uma infeção grave, como a celulite.
- Procurar ajuda médica imediata para uma infeção de pele ou unhas. As pessoas que têm diabetes podem desenvolver uma infeção mais facilmente do que as pessoas que têm um sistema endócrino saudável. Uma infeção pode rapidamente tornar-se grave.
- Tratar todos os cortes, arranhões e feridas imediatamente. Para tratar as feridas, lavar a área com água e sabão. Aplicar pomada antibiótica apenas se o médico recomendar, cobrir a ferida com um curativo adesivo e, para ajudar a cicatrização da pele, tratar a ferida todos os dias.
- Verificar os pés em busca de vermelhidão, escamas, arranhões, bolhas, feridas e cortes. Se existir uma pequena ferida, esta deve ser tratada.
- Manter as unhas dos pés curtas. Unhas compridas e ásperas podem irritar a pele. Quando as unhas dos pés crescem, estas podem levantar, o que as torna mais fácil para uma infeção se desenvolver sob uma unha. Manter as unhas dos pés bem aparadas pode evitar cortes e uma possível infeção nos pés.
Mesmo pequenos problemas de pele podem tornar-se grave para as pessoas que têm diabetes se não forem tratados adequadamente. Os sinais de que é preciso consultar um dermatologista certificado incluem unhas amarelas, levantadas ou grossas; descamação entre os dedos dos pés ou na parte inferior dos pés; ou acumulação de pele húmida entre os dedos dos pés.
“Uma das complicações mais graves nas pessoas com diabetes é o desenvolvimento de uma ferida, sobretudo nos pés, porque podem ter falta de sensibilidade nos membros”, refere Kirsner. “Se essas feridas não forem tratadas adequadamente, podem levar à amputação, infeção óssea e até morte. Se tem diabetes e uma ferida, é fundamental prestar atenção à pele e tratar as feridas precocemente.”