
Uma avaliação aos efeitos positivos do exercício físico nos níveis de açúcar no sangue de pessoas com diabetes tipo 2 mostra que, embora todo o tipo de exercício seja útil, certas atividades – e o momento em que são praticadas – podem ser muito mais benéficas para a saúde.
O estudo, publicado no The American Journal of Medicine, fornece um resumo abrangente mas simples dos benefícios do exercício no controlo dos níveis de glicose no sangue de pessoas com diabetes tipo 2.
“O desafio é que a maioria, se não forem todas as pessoas, sabe que o exercício é bom, mas não sabe qual é a melhor abordagem”, afirma Steven Malin, professor do Departamento de Cinesiologia e Saúde da Universidade Rutgers, nos EUA, e um dos autores do estudo.
“O nosso objetivo foi analisar esta questão, centrando-nos em alguns parâmetros-chave: a utilidade da aeróbica versus o levantamento de pesos, a altura do dia ideal para o exercício, se o exercício deve ser feito antes ou depois das refeições e se temos de perder peso para ter ou não benefícios.”
E concluíram, sem surpresas, que “qualquer movimento é bom e mais é geralmente melhor”, refere Malin. “A combinação de exercício aeróbico e levantamento de pesos é provavelmente melhor do que qualquer um isoladamente.”
Mas descobriram ainda que a prática de “exercício à tarde pode funcionar melhor do que de manhã para o controlo da glicose, e o exercício após uma refeição pode ajudar um pouco mais do que antes desta. E não é preciso perder peso para ver os benefícios do exercício. Isto porque o exercício pode reduzir a gordura corporal e aumentar a massa muscular”.
O exercício como um medicamento para a diabetes tipo 2
De acordo com dados mais recentes da Federação Internacional de Diabetes, Portugal apresenta a segunda maior prevalência padronizada de diabetes na União Europeia, com 9,1% na população entre os 20 e os 79 anos. As pessoas com diabetes tipo 2 são resistentes à insulina, o que significa que as suas células não respondem normalmente a esta hormona que controla o nível de açúcar, ou glicose, no sangue. O nível elevado de açúcar no sangue é prejudicial para o organismo e pode causar problemas de saúde graves.
Embora a resistência à insulina seja prejudicial, os cientistas acreditam que o aumento da sensibilidade à insulina é benéfico, já que uma sensibilidade elevada permite que as células do corpo utilizem a glicose no sangue de forma mais eficaz, reduzindo o açúcar no sangue.
Malin investiga a sensibilidade à insulina e ensina cinesiologia, o estudo do movimento humano. Ele e vários outros membros do corpo docente da Rutgers apoiam o conceito de “exercício como medicamento”, cada vez mais confirmada pela investigação, que defende que o exercício pode ser considerado um tratamento de primeira linha.
“Eu sou um daqueles indivíduos que subscreve esta noção e, desta forma, penso no exercício como um medicamento”, afirma Malin. “Em conjunto, esta ideia do tempo e do tipo de exercício é importante porque ajuda os profissionais de saúde a recomendar com mais exatidão as prescrições de exercício para combater a glicemia elevada na diabetes tipo 2.”