Scroll Top

Estudo identifica danos nos olhos causados pela doença de Alzheimer

Alzheimer

Os investigadores do Cedars-Sinai, nos EUA, produziram a análise mais extensa até à data sobre as alterações na retina, a camada de tecido na parte detrás do olho, onde tem origem a informação visual, e a forma como estas alterações correspondem a alterações cerebrais e cognitivas nas pessoas com doença de Alzheimer. Ou seja, os impactos da doença na vista.

A sua análise é um passo importante para compreender os efeitos complexos da doença de Alzheimer na retina, sobretudo nas suas fases mais precoces, o que, segundo os especialistas, pode ser fundamental para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes que possam prevenir a progressão da doença.

A doença de Alzheimer destrói progressivamente a memória e a capacidade cognitiva e não existe um único teste diagnóstico que possa diagnosticar definitivamente uma pessoa com esta forma de demência, assim como os tratamentos mais recentes apenas atrasam a progressão da doença e não a travam.

“O nosso estudo é o primeiro a fornecer análises aprofundadas sobre os perfis proteicos e dos efeitos moleculares, celulares e estruturais da doença de Alzheimer na retina humana e como estes correspondem a alterações no cérebro e na função cognitiva”, afirma Maya Koronyo-Hamaoui, professora de Neurocirurgia, Neurologia e Ciências Biomédicas no Cedars-Sinai e autor sénior do estudo.

“Estas descobertas podem eventualmente levar ao desenvolvimento de técnicas de imagem que nos permitam diagnosticar a doença de Alzheimer mais cedo e com maior precisão e monitorizar a sua progressão de forma não invasiva, através dos olhos.”

“A retina, uma extensão do desenvolvimento do cérebro, oferece uma oportunidade inigualável de monitorização acessível e não invasiva do sistema nervoso central”, refere Yosef Koronyo, investigador associado do Departamento de Neurocirurgia de Cedars-Sinai e primeiro autor do estudo. “E com a ajuda dos nossos colaboradores, descobrimos uma acumulação de proteínas altamente tóxicas nas retinas dos doentes com doença de Alzheimer e uma ligeira deficiência cognitiva, causando uma degeneração grave das células.”

Os investigadores analisaram amostras de tecidos da retina e do cérebro recolhidas ao longo de 14 anos de 86 dadores humanos, o maior grupo de amostras de retina de doentes humanos com Alzheimer e com um ligeiro défice cognitivo até agora estudado. E verificaram, entre outras, a existência de uma proteína chamada amilóide beta 42, que no cérebro de pessoas com doença de Alzheimer se aglomera para formar placas que perturbam a função cerebral.

“Estas alterações na retina relacionaram-se com mudanças em partes do cérebro”, diz Koronyo. E relacionam-se também com o estádio patológico da doença de Alzheimer, tendo sido encontradas mesmo em pessoas que pareciam cognitivamente normais ou com uma deficiência muito ligeira, marcando-os como um possível preditor precoce do declínio cognitivo posterior.

“Estas descobertas dão-nos uma compreensão mais profunda sobre os efeitos da doença de Alzheimer na retina”, refere Keith L. Black, diretor do Departamento de Neurocirurgia do Cedars-Sinai e coautor do estudo. “Porque estas alterações correspondem a alterações no cérebro e podem ser detetadas nas fases iniciais da doença, podem levar-nos a novos diagnósticos de Alzheimer e a um meio de avaliar novas formas de tratamento.”

Posts relacionados